quarta-feira, 5 de março de 2014

Os Zelotes

Zelota

O apóstolo Simão, possívelmente um zelota em sua origem.

O termo zelota ou zelote (do grego antigo ζηλωτής, transl. zelotes, "imitador", "admirador zeloso" ou "seguidor"; do hebraico קנאי, kanai, frequentemente usado na forma plural, קנאים, kana'im) significa literalmente alguém que zela pelo nome de Deus. Apesar de a palavra designar em nossos dias alguém com excesso de entusiasmo, a sua origem prende-se ao movimento político judaico do século I que procurava incitar o povo da Judeia a rebelar-se contra o Império Romano e expulsar os romanos pela força das armas, que conduziu à Primeira Guerra Judaico-Romana (66-70).


Judas, o galileu

Judas, o Galileu, também chamado Judas de Gamala, foi o líder da revolta judaica contra o censo romano, no ano 6 d.C.

Quando a Judeia tornou-se uma província romana, o governador da Síria, Públio Sulpício Quirino - ao qual a nova província estava vinculada -, ordenou a execução de um censo, para fins de estabelecer a carga tributária que passaria a ser cobrada da população. A medida provocou uma forte reação popular, que logo se converteu em revolta armada.

Segundo Flávio Josefo, a reação armada começou entre os judeus da Galileia, liderada por Judas, natural da cidade de Gamala, que dirigiu um assalto à guarnição romana em Séforis (capital da Galiléia).
A revolta foi duramente reprimida pelos romanos e, embora Josefo não informe o destino de Judas, é provável que ele tenha morrido em combate ou aprisionado e executado.

Judas também é citado pelo rabino Gamaliel, membro do Sinédrio (Sanedrin), como exemplo de falso messias, segundo os Atos dos Apóstolos.
Em sua "Antiguidades Judaicas", Josefo atribui a Judas de Gamala e ao fariseu Zadoq, a fundação do movimento Zelota, que pregava a luta armada contra os opressores romanos.


História

A seita foi estabelecida por Judas, o galileu, que liderou uma revolta contra a dominação Romana no ano 6 d.C., rejeitando o pagamento de tributo pelos israelitas a um imperador pagão, sob a alegação de que tal ato era uma traição contra Deus, o verdadeiro rei de Israel. Foram denominados como zelotas por seguirem o exemplo de Matatias, seus filhos e seguidores, que externaram o seu zelo pela a lei de Deus quando Antíoco IV Epifânio tentou suprimir a religião judaica, assim como o exemplo de Fineias, que também demonstrou o seu zelo no deserto, durante uma época de apostasia (Nm 25:11; Sl 106:30).

Após a destruição do Segundo Templo pelos romanos no ano 70, rebeldes Zelotas fugiram de Jerusalém para Massada. Os romanos então construíram uma enorme rampa pelo lado oeste do platô e destruíram a muralha. De acordo com o historiador Flávio Josefo, os rebeldes cometerem suicídio em massa para não serem capturados.

A seita dos zelotas é referida por Flávio Josefo como vil, que a responsabiliza pela incitação da revolta que conduziu à destruição de Jerusalém e do Templo de Salomão, referenciais para a cultura e religião judaicas.

Um dos apóstolos de Jesus Cristo é referido como "Simão, o Zelote" (Lc 6:15 e At 1:13), ou por causa de seu zeloso temperamento ou por causa de alguma anterior associação com o partido dos Zelotas. Paulo de Tarso, referindo a si mesmo, afirma que foi um zelote religioso (At 22:3; Gl 1:14), enquanto que os muitos membros da igreja de Jerusalém são descritos como "todos são zelosos da lei" (At 21:20).


Sicário

Sicário (do latim sicarius, "homem da adaga") é um termo aplicado, nas décadas imediatamente precedentes à destruição de Jerusalém em 70, para definir um grupo extremista separatista de zelotas judeus, que tentaram expulsar os romanos e seus simpatizantes da Judéia usando adagas curtas, ou sicae.

O vocábulo sicário deriva da palavra latina sica, como era conhecido um pequeno punhal curvo ou adaga, que se podia facilmente ocultar debaixo da roupa, ou mesmo na palma da mão. Era usado sobretudo pelos trácios, tidos como criminosos mercenários pelos antigos romanos.

A sica também foi usada pelos notáveis romanos, os patrícios, para cometer suicídio quando abriam as suas veias. Em muitos casos, quando o Imperador romano ordenava a pena capital de um cidadão, ele podia escolher entre suicidar-se ou ser executado. Nesse último caso, o cidadão romano podia contar com os serviços do sicário — como era conhecido o portador da sica.


O sicário é uma figura reconhecida pelo direito romano, que regulamentou a sua atividade e condenava os métodos cruéis empregados pelos sicários para promover um suicídio ou realizar execuções. A lei referente a esse assunto é conhecida por lex Cornelia de sicariis et veneficis (lei Cornélia sobre os sicários) e é datada do ano 81 da era Cristã.

A atividade dos sicários esteve frequentemente vinculada à política, actuando em assembleias populares, quando os adversários políticos contratavam esses assassinos profissionais para por fim a disputas políticas.

Sicarii era também a denominação dada pelos romanos a uma facção extremista dos zelotes, rebeldes hebreus que recorriam sistematicamente ao homicídio e ao terrorismo como principal estratégia contra a dominação romana.
 Com o tempo o termo sicário ou sicarii passou também a designar assassinos contratados, numa referência às pessoas que matam em troca de dinheiro ou mesmo de promessas de grande recompensas. O nome assassino deriva da Ordem dos Assassinos, uma seita fundada no século XI por Hassan ibn Sabbah. Hoje esta palavra é empregada para designar o homicida, voluntário ou involuntário. Mais recentemente, porém, o termo começou também a significar, em sentido estrito mas não exclusivo, os grupos fundamentalistas que, atualmente, levam a cabo atentados terroristas.
Jesus e as Mulheres
O MOVIMENTO DE JESUS E AS MULHERES

A Sta Maria Madalena, de Simon
Vouet (1523-27), está mais para a
Sulamita de Cantares.
Tito Lívio, na Roma do primeiro século, fez um discurso no Foro Romano repreendendo as mulheres que se dirigiam aos maridos de outras. Em sua opinião as perguntas deveriam ser feitas me casa, aos seus próprios maridos (TAMEZ, 2004, p. 99). No cristianismo não foi diferente. Paulo, como Tito Lívio, recomendou que elas ficassem caladas nas ekklesias (1 Co 14,34-35). Perguntas só em casa, porque "é vergonhoso que falem na congregação". 
Mas em algumas comunidades primitivas as mulheres foram ganhando espaço. Em alguns textos apócrifos isso fica evidente, como nos "Atos de Paulo e Tecla" e no "Evangelho de Maria Madalena". Neste segundo documento Pedro, irmão de Jesus, demonstra ciúme de Maria Madalena, "a mulher que Jesus mais amou". No final do livro Levi repreende Pedro dizendo: "se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la?". 
A divulgação de uma papiro escrito em copta, datado inicialmente para o quarto século, tem apimentado a discussão a respeito do papel das mulheres nas comunidades cristãs primitivas. Num trecho do fragmento vem escrito: "Jesus lhes disse: a minha mulher...". 
Caso seja autêntico, o documento apenas expressa o que determinada comunidade cristã acreditava (ou queria fazer os outros acreditarem) e não uma verdade histórica. Aliás, o mesmo se pode dizer dos Evangelhos canônicos. Jesus teve uma mulher? Impossível responder. 
Se você é um daqueles sujeitos desconfiados, que gosta de buscar informações na fonte e não em jornais sensacionalistas, leia o trabalho acadêmico que deu origem a toda essa discussão.   A autora é Karen L. King. 



Fragmento de Texto Cristão Indica que Jesus foi Casado



Pesquisadora da Universidade de Harvard (EUA) diz poder ajudar a esclarecer um dos aspectos mais controversos da vida de Jesus Cristo 

Karen King, especialista em religião, encontrou um papiro do século 4 da nossa era cujo texto indica que Jesus Cristo foi casado.

O texto foi apelidado de "Evangelho da esposa de Jesus". A parte do texto que chamou a atenção dos pesquisadores é a seguinte: "Então, Jesus disse a eles: eis a minha esposa", de acordo com a tradução feita do copta (antigo idioma egípcio). "A tradição cristã sempre sustentou que Jesus não era casado, embora não exista evidência histórica para respaldar essa tese", disse Karen durante uma palestra em Roma, nesta terça-feira.

Segundo a pesquisadora de Harvard, "este novo evangelho não prova que Jesus era casado, mas nos diz que toda questão surgiu apenas como parte dos intensos debates sobre sexualidade e casamento. Desde o início, cristãos discordavam se era melhor não casar, mas foi apenas mais de século depois da morte de Jesus que começaram a recorrer à condição matrimonial dele para apoiar suas posições." 

De acordo com Karen, mostrar Jesus solteiro era uma maneira de fortalecer as posições católicas sobre temas como o celibato.

O fragmento tem oito linhas de texto de um lado e está muito danificado no verso, com apenas três palavras e algumas letras visíveis. O dono do documento procurou Karen em 2010, e na época ela duvidava da veracidade do fragmento do papiro. A tese sobre Jesus ter sido casado ganhou fama com o livro "O Código Da Vinci", de Dan Brown.

O Tetragrama de Deus e a Pronúncia



O Tetragrama Sagrado YHVH ou YHWH (mais usado), (יה-וה, na grafia original, o hebraico), refere-se ao nome do Deus de Israel em forma escrita já transliterada e, pois, latinizada, como de uso corrente na maioria das culturas atuais. A forma da expressão ao declarar o nome de Deus YHVH (ou JHVH na forma latinizada) deixou de ser utilizada há milhares de anos na pronúncia correta do hebraico original (que é declarada como uma língua quase que completamente extinta). As pessoas perderam ao longo das décadas a capacidade de pronunciar de forma satisfatória e correta, pois a língua precisaria se curvar (dobrar) de uma forma em que especialistas no assunto descreveriam hoje em dia como impossível.
Originariamente, em aramaico e hebraico, era escrito e lido horizontalmente, da direita para esquerda יה-וה; ou seja, HVHY. Formado por quatro consoantes hebraicas — Yud י Hêi ה Vav ו Hêi ה ou יה-וה, o Tetragrama YHVH tem sido latinizado para JHVH já por muitos séculos.

As letras da direita para esquerda segundo o alfabeto hebraico são:

HebraicoPronúnciaLetra
יYodh ou Yud"Y"
הHe ou Hêi"H"
וWaw ou Vav"V"
הHe ou Hêi"H"


O tetragrama aparece 6.828 vezes — sozinho ou em conjunção com outro "nome" — no texto hebraico do Antigo Testamento, a indicar, pois, tratar-se de nome muito conhecido e que dispensava a presença de sinais vocálicos auxiliares (as vogais intercalares).
Os nomes YaHVeH (vertido em português para Javé), ou YeHoVaH (vertido em português para Jeová), são transliterações possíveis nas línguas portuguesas e espanholas, mas alguns eruditos preferem o uso mais primitivo do nome das quatro consoantes YHVH; já outros eruditos favorecem o nome Javé (Yahvéh ou JaHWeH). Ainda alguns destes estudiosos concordam que a pronúncia Jeová (YeHoVaH ou JeHoVáH), seja correcta, sendo esta última a pronúncia mais popular do Nome de Deus em vários idiomas.


(Letras Hebraicas י (yod) ה (heh) ו (vav) ה (heh), ou Tetragrama YHVH


Na Bíblia Hebraica e Septuaginta Grega



YHWH grafado em páleo-hebraico, em fragmento da Septuaginta Grega ainda usada no Século I

A antiguidade e legitimidade do Tetragrama como O Nome de Deus para os judeus pode ser comprovada na conceituada tradução para o grego da Bíblia Hebraica, chamada Septuaginta Grega, onde o Tetragrama aparece escrito em hebraico arcaico ou páleo-hebraico. Foram encontrados fragmentos de cópias primitivas da LXX (Papiro LXX Lev. b, Caverna n.º 4 de Qumran, datado como sendo do Século I a.C.) onde o Tetragrama YHWH' é representado em letras gregas (Levítico 3:12; 4:27).

Estudos revelam que apenas em cópias posteriores da Septuaginta Grega, datadas do final do Século I d.C. em diante, os copistas começaram a substituir o Tetragrama YHWH por Kýrios, que significa SENHOR (em letras maiúsculas) e por Theós, que significa Deus. Essa foi a razão de YHWH ter desaparecido graficamente do texto do Novo Testamento em algumas traduções bíblicas.


Outros conceitos sobre o Deus YHWH
Outros estudiosos encaram YHWH como um Deus da natureza adorado no Sul de Canaã e pelos nômades dos desertos circundantes, intimamente ligado ao Monte Horebe, na Península do Sinai. Segundo o livro bíblico de Gênesis, foi o Deus YHWH que se revelou ao semita Abrão (depois chamado de Abraão) em Ur, na Baixa Mesopotâmia. Historicamente, surge aqui o princípio do monoteísmo hebraico no interior de uma sociedade fortemente politeísta.

O Deus YHWH é deste modo identificado como a Divindade que causou o Dilúvio Bíblico. É o Deus de Adão, de Abel, de Enoque e de Noé. É o Criador do Universo e de todas as formas de vida na Terra. É também chamado por 

Adonai (Soberano Senhor), 
Elohim (Deus, e não deuses, visto que trata-se de plural majestático[1] e cristãos têm afirmado que a forma plural teria o sentido de plural majestático[2]), 
HaAdón (o [Verdadeiro] Senhor), 
Elyón (Deus Altíssimo) e 
El-Shadai (Deus Todo-poderoso).



Assim, o Deus YHWH se assume como um Deus familiar, o "Deus de Abraão, de Isaque e Jacó", protetor da linhagem do "descendente" [ou "semente"] de Abraão. De seguida, torna-se no Deus das 12 tribos de Israel. É o Deus Libertador do povo de Israel da escravidão no Egito e quem o faz conquistar a terra de Canaã. Para tal, revela-se a Moisés, a quem entrega seus Dez Mandamentos no monte Sinai. Para sua adoração e cumprimento de sua Lei, são constituídos sacerdotes os da tribo de Levi, ou Levitas, sob a liderança do Sumo Sacerdote, da linhagem de Aarão.

Com o estabelecimento da Monarquia do Antigo Israel, e mesmo após a divisão do Reino, emerge o papel dos profetas do Antigo Testamento como porta-vozes especiais do Deus YHWH. Tornam-se desse modo figuras-chave na vida religiosa, com uma autoridade única. Também consolidam a ideia da vinda do Messias como o "Ungido" de YHWH, descendente da Tribo de Judá e da Casa Real de David.



Temerosos em transgredir a Lei de Deus



O Tetragrama YHWH no alfabeto fenício, 
aramaico e hebraico moderno.

Para alguns estudiosos da literatura judaica, o nome do Eterno era impronunciável, e segundo a explicação científica dos judeus, passaram a não pronunciar o nome do Eterno Todo Poderoso porque sentiam-se temerosos em transgredir o terceiro mandamento do Eterno no Decálogo:


"Não tomarás o nome de YHWH, teu Deus, em vão, pois YHWH não considerará impune aquele que tomar seu nome em vão." Êxodo 20:7


Assim, em determinado período, surgiu entre os judeus uma ideia supersticiosa, de que era errado até mesmo pronunciar o Tetragrama YHWH. Não se sabe exatamente em que se baseou a descontinuidade do uso deste nome. Alguns sustentam que o nome era considerado sagrado demais para ser proferido por lábios imperfeitos. Mas uma pesquisa no Velho Testamento não revela nenhuma evidência de que quaisquer dos adoradores de YHWH alguma vez hesitassem em proferir o nome Dele.



Documentos hebraicos não-bíblicos, tais como as chamadas Cartas de Laquis (escritas em fragmentos de cerâmica encontradas em Tell ed-Duweir em 1935 e outras três em 1938), mostram que YHWH era usado na correspondência comum na Palestina na última parte do Século VII A.C. Em todas as cartas legíveis se encontram expressões como:

"Que יהוה [YHWH] faça que meu senhor ouça hoje mesmo notícias de paz." 

Provando que o Nome nunca foi esquecido. Lachish Ostracon IV, Ancient Near Eastern Texts, p. 322.[3].

Outro conceito sustenta que se pretendia impedir que povos não-judeus (gentios) conhecessem O Nome e possivelmente o usassem mal. Todavia, o antigo Testamento afirma que o próprio YHWH faria com que Seu nome "fosse declarado em toda a Terra", para ser conhecido até mesmo pelos seus adversários. (Êxodo 9:16; Isaías 64:2; Jonas 1:1,17) 




O Nome do Deus de Israel era conhecido e usado por nações pagãs (politeístas) tanto antes da Era Cristã como nos primeiros séculos dela.[4] . "Como é impossível que YHWH minta, só quem mentiu foi o seu povo dizendo que esquecera a pronúncia!", dizem algumas seitas, como "Os testemunhas de Yahushua" (Ver artigo do nome original de Jesus / Yeshua - particularmente em O nome árabe ), autodenominados "Ohol ou Oholyao", e outras variantes recentes como "Os testemunhas (ou irmãos) de Yaohushua" [1]. Acreditam nos conceitos cristãos, sendo cristãos em doutrina, diferindo apenas no uso do que acham ser o nome correto de Jesus como fonte de salvação da seita. Eles negam a lei judaica (Toráh) e as takanot (tradições) judaicas.

Já outros não-judeus (gentios) que desejem se agregar à crença à YHWH são orientados (pelo Judaísmo) de maneira bem diferente quanto ao trato com o nome do Deus YHWH ("Lei de Noé" Nº01: "Não cometer idolatria"), o que é interpretado principalmente como preservar o nome YHWH, assim como explicam, não tomando o nome em ocasiões ou cultos vãos [2].



A origem da superstição

O Nash Papyrus (Século II a.C.) contém uma parcela do texto pré-Massorético, especificamente os Dez Mandamentos.
Não existem certezas do(s) motivo(s) originalmente apresentado(s) para se descontinuar a pronúncia correcta do Tetragrama YHWH, assim como também há muita incerteza quanto à época em que tal conceito supersticioso se iniciou. Alguns afirmam que começou após o Exílio Babilónico. Mas o profeta Malaquias foi um dos últimos escritores do Velho Testamento na última metade do Século V a.C., e dá grande destaque ao Nome Divino.

Outras obras de referência sugerem que O Nome deixou de ser usado por volta de 300 a.C.. Evidência para esta data foi supostamente encontrada na ausência do Tetragrama (ou de uma transliteração dele) na tradução Septuaginta Grega, iniciada por volta de 280 a.C.. É verdade que as cópias mais completas dos manuscritos da Septuaginta Grega agora conhecidas seguem uniformemente o costume de substituir o Tetragrama YHWH por expressões substitutas. No entanto, estes manuscritos principais remontam apenas ao Século IV e ao século V. 


Descobriram-se recentemente cópias mais antigas da Septuaginta Grega 
que continham o Tetragrama YHWH, embora em forma fragmentária. Uma delas, descoberta no Egito, são os restos fragmentários dum rolo de papiro da LXX com uma parte de Deuteronômio (32:3,6) identificado como Papiro Fouad Inventário n.° 266. Apresenta 49 vezes o Tetragrama YHWH, escrito em caracteres hebraicos quadrados, em cada ocorrência no texto hebraico traduzido. 

Registram-se mais três ocorrências de YHWH em fragmentos não identificados (116, 117 e 123). Os peritos datam este papiro como do Século I a.C. , e neste caso, foram escritos quatro ou cinco séculos antes dos manuscritos já mencionados.
Comentando que os fragmentos mais antigos da Septuaginta Grega realmente contêm YHWH, o Dr. P. Kahle diz:

"Sabemos agora que o texto grego da Bíblia [a Septuaginta], no que tange a ter sido escrito por judeus para judeus, não traduziu o nome divino por Kýrios, mas o Tetragrama escrito com letras hebraicas ou gregas foi retido em tais manuscritos. Foram os cristãos que substituíram o Tetragrama por Kýrios, quando o nome divino em letras hebraicas não era mais entendido'."[5]

Assim, pelo menos em forma escrita, não existe evidência sólida de qualquer desaparecimento ou abandono da pronúncia do Tetragrama YHWH no período a.C..


No Século I, surge pela primeira vez alguma evidência duma atitude supersticiosa para com esse nome. Flávio Josefo, historiador judeu que descendia duma família sacerdotal, após narrar a revelação que Deus forneceu a Moisés no local do espinheiro ardente, ao falar sobre pronúncia do Nome de Deus do Tetragrama YHWH menciona apenas:


"O Nome sobre o qual estou proibido de falar."[6]

Esta mudança ocorreu nas traduções gregas da Septuaginta nos séculos que se seguiram à morte de "Jesus Cristo" (Yeshua) e de seus apóstolos. Na versão grega de Áquila, que data do século II d.C., e na Hexapla de Orígenes, que data por volta de 245, YHWH ainda aparecia em caracteres hebraicos.[7]

Ainda no Século IV, Jerônimo de Strídon, perito bíblico e tradutor da Vulgata Latina, diz no seu prólogo dos livros bíblicos de Samuel e de Reis:

"E encontramos o nome de Deus, o Tetragrama, em certos volumes gregos mesmo hoje, expresso em letras antigas."[8]


A pronúncia do Tetragrama YHWH



O Códice Leningrado, do Século XI
Na segunda metade do primeiro milénio na nossa era, os escribas conhecido por massoretas introduziram um sistema de sinais vocálicos para facilitar a leitura do texto consonantal em hebraico que poderia conduzir a inúmeros significados e em vez de inserir os sinais vocálicos correctos de YHWH, colocaram outros sinais vocálicos para lembrar ao leitor que ele devia dizer Adhonai ("Soberano Senhor") ou Elohím ("Deus").[9]

O Códice de Leningrado, do Século XI, tem no Tetragrama YHWH, sinais vocálicos para orar a Yehvíh, Yehváh e Yehováh. A edição de Ginsburg do texto massorético tem sinais vocálicos para que ore a Yehováh. (Gênesis 3:14) Os hebraístas em geral são a favor de Yahvéh como a pronúncia mais provável. Salientam que a forma abreviada do nome é Yah (ou Jah, na forma latinizada), como no Salmo 89:8 e na expressão HaleluYah (que significa "Louvai a Jah!"; em português, é vertida por Aleluia). 

Também as formas Yehóh, Yoh, Yah e Yahu, encontradas na grafia hebraica dos nomes Jeosafá, Josafá, Sefatias e outros, podem todas ser derivadas de Yahwéh. As transliterações gregas feitas pelos primitivos escritores cristãos indicam uma direcção algo similar. Ainda assim, de modo algum há unanimidade sobre o assunto entre os peritos.
A posição atual das Testemunhas de Jeová sobre este ponto resume-se ao seguinte: Visto que, atualmente, não se pode ter certeza absoluta da pronúncia do nome de Deus, parece não haver nenhum motivo para abandonar a forma bem conhecida, Jeová (em português), em favor de Javé ou outra forma hipotética. Se tal mudança fosse feita, então, a bem da coerência, deviam ser feitas alterações na grafia e na pronúncia de uma infinidade de outros nomes encontrados na Bíblia. Por exemplo, no caso de Jeová ser alterado para Javé, Jeremias seria mudado para Yir.meyáh, Isaías se tornaria Yesha.yá.hu, e Jesus seria pronunciado Yehoh.shú.a em hebraico ou I.e.soús, no grego. Assim, para as Testemunhas de Jeová, conhecer, usar e divulgar o nome pessoal de Deus é considerada a questão mais importante, mesmo que não se conheça a pronúncia original deste nome sagrado.


Significado




O significado exato do Tetragrama YHVH ainda é objeto de controvérsia entre os especialistas. Em Êxodo 3:14, YHVH disse a Moisés: “Ehiéh ashér ehiéh.” Segundo muitas traduções da Bíblia, esta expressão, encontrada no texto hebraico significa: “Serei o que Serei.” – Almeida Revista e Atualizada. E assim também compreenderam os tradutores da Versão dos Setenta: "Ego eimi ho ôn". Disse Deus a Moisés: "Eu sou Aquele que é". Disse mais: "Assim dirás aos filhos de Israel: 'EU SEREI me enviou até vós.' " - Bíblia de Jerusalém.
Esta expressão “Eu sou o que sou” é usada como título para Deus, para indicar que ele realmente existia. Isso corresponde a "Eu sou aquele que é", "Eu sou o existente". YHVH estaria assim confirmando sua própria existência.


Outras traduções vertem: Serei o que eu for. A Tradução dos Vinte e Quatro Livros das Escrituras Sagradas, em inglês, do Rabino Isaac Leeser, verte como segue: “E Deus disse a Moisés: Serei o que eu for: e ele disse: Assim dirás aos filhos de Israel: SEREI enviou-me a vós. - [10]

A Bíblia Enfatizada, de Joseph Bryant Rotherham, em inglês, verte Êxodo 3:14 como segue: “E Deus disse a Moisés: Tornar-me-ei aquilo que me agradar. E ele disse: Assim dirás aos filhos de Israel: Tornar-me-ei enviou-me a vós.” A nota ao pé da página, sobre este versículo, diz em parte: “Hayah [palavra vertida acima ‘tornar-se’] não significa ‘ser’ essencial ou ontologicamente, mas fenomenalmente. . . . O que ele será não é expresso — Ele estará com eles, ajudador, fortalecedor, libertador.” De modo que esta referência não é à auto-existência de Deus, mas, antes, ao que ele pensa tornar-se para com os outros. - [11] Ou: Mostrarei ser o que eu mostrar ser. - Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.


Para estes estudiosos, isto significa que YHVH podia adaptar-se às circunstâncias, e que, o que quer que ele precisasse tornar-se ou mostrar ser em harmonia com seu propósito, ele podia tornar-se e se tornaria ou mostraria ser. Explicam que o verbo hebraico ha•yáh, do qual deriva a palavra Eh•yéh, não significa simplesmente “ser”. Antes, significa “vir a ser; tornar-se”, ou “mostrar ser”. Entendem que segundo a raiz do Tetragrama na língua hebraica, o Tetragrama pode significar “Ele Causa que Venha a Ser ou Mostrar Ser”, quer dizer, com respeito a Si mesmo e com respeito ao que Ele se tornará ou mostrará ser, e não com respeito a criar coisas. Para estes tradutores, Deus não estaria apenas confirmando sua própria existência, mas ensinando o que esse nome implica. YHVH ‘mostraria ser’, faria com que ele mesmo se tornasse o que quer que fosse preciso para cumprir as suas promessas.

A nota ao pé da página sobre Êxodo 3:14 de “O Pentateuco e as Haftorás”, texto hebraico com tradução e explanação em inglês, editado pelo Dr. J. H. Hertz comenta: “A maioria dos modernos segue Rashi em verter ‘Serei o que eu for’; ou, nenhumas palavras podem resumir tudo o que Ele será para o Seu povo, mas a Sua fidelidade eterna e sua misericórdia imutável manifestar-se-ão cada vez mais na orientação de Israel. A resposta que Moisés recebe nestas palavras, portanto, é equivalente a: ‘Salvarei do modo em que eu salvar.’ É para assegurar aos israelitas o fato da libertação, mas não revela a maneira.” — [12]

Entende-se que este nome sagrado, na realidade, é um verbo, a forma causativa, indefinida, do verbo hebraico hawáh. Assim, segundo estes estudiosos, o Tetragrama YHVH significa “Ele Causa que Venha a Ser”. Mostre Ser ou: Mostrará Ser, incorporando em si mesmo um propósito. Assinala o Portador deste nome exclusivo como Aquele Que Tem um Propósito.
Assim, os eruditos não estão totalmente de acordo a respeito do significado do nome de Deus. Muitos traduzem a expressão encontrada no texto hebraico: Eu sou o que sou. Outros, depois de extensas pesquisas sobre o assunto, acreditam que o nome é uma forma do verbo hebraico hawáh (tornar-se, vir a ser), significando “Ele Causa que Venha a Ser”.


Frequência nos escritos originais

Soletração do Tetragrama no texto massorético Hebraico com pontos vocálicos em vermelho. 

Muitos eruditos e tradutores da Bíblia defendem que se siga a tradição de eliminar o nome de Deus. Alegam que a incerteza a respeito da pronúncia do Tetragrama YHWH justifica a eliminação, e também sustentam que a supremacia e a existência ímpar do Verdadeiro Deus tornam desnecessário que Ele tenha um nome específico para se diferenciar dos "demais deuses". Mas este conceito não encontra apoio na Bíblia, quer no Antigo Testamento, quer no Novo Testamento.
O Tetragrama YHWH ocorre 6.828 vezes no texto hebraico da Bíblia Hebraica de Kittel (BHK) e da Bíblia Hebraica Stuttgartensia (BHS). A frequência em que aparece o Tetragrama atesta a sua importância. Seu uso em todas as Escrituras ultrapassa em muito, o de quaisquer nomes-títulos, tais como "Soberano Senhor (em hebr. Adhonai)", "o [Verdadeiro] Senhor" (em hebr. Ha Adhóhn), Altíssimo (em hebr. Elyón) "o [Verdadeiro] Deus" (em hebr. Ha Elohím) e "Deus" (em hebr. Elohím).
É digno de nota a importância atribuída aos nomes próprios entre os povos semíticos.
O Prof. George Thomas Manley indica:
"O nome não é simples rótulo, mas é representativo da verdadeira personalidade daquele a quem pertence. ... Quando uma pessoa coloca seu nome numa coisa ou em outra pessoa, esta passa a ficar sob sua influência e proteção."[13]
Alguns exemplos do uso dos nomes próprios nas Escrituras Hebraicas:
Gênesis 27:36;
I Samuel 25:25;
Salmos 83:18
Salmos 20:1;
Provérbios 22:1.n.


Uso moderno

Algumas versões da Bíblia, transcrevem o Tetragrama como Yahweh, Yavéh ou Javé :

A Bíblia de Jerusalém - edição brasileira (1981, com revisão e atualização na edição de 2002) da edição francesa Bible de Jérusalem:
Transcreve o nome pessoal de Deus como Yahweh.
BÍBLIA Mensagem de Deus (Edições Loyola de 1983):
Transcreve o nome pessoal de Deus como Javé, exceto nos Salmos ao falar sobre as adaptações no Livro:
"Sem falar em certas adaptações como o uso da palavra Senhor em vez de Javé, que de modo algum corresponderia à sensibilidade cristã."[14]

Outras versões da Bíblia, transcrevem o Tetragrama como Jeová:

A King James Version (autorizada), 1611:
Transcreve quatro vezes como o nome pessoal de Deus (todos em textos considerados de importância), por exemplo, Êxodo 6:3; Salmo 83:18; Isaías 12:2; Isaías 26:4; e três vezes junto a nomes de lugares: Gênesis 22:14; Êxodo 17:15; e Juízes 6:24.
A Versão de Padrão Americana, edição 1901:
Traduz consistentemente o Tetragrama como Je-ho’vah em todos os 6.823 lugares onde ocorre nas Escrituras Hebraicas.

A Nova bíblia Inglesa:
Publicada pela imprensa da Universidade de Oxford, 1970, por exemplo Génesis 22:14; Êxodo 3:15,16; 6:3; 17:15; Juízes 6:24 ;

A Bíblia Viva:
Publicada por Publishers de Tyndale House, Illinois 1971, por exemplo Génesis 22:14, Êxodo 4:1 - 27; 17:15;Levítico 19:1 - 36; Deuteronômio 4:29, 39; 5:5, 6; Juízes 6:16, 24; Salmos 83:18; 110:1; Isaías 45:1, 18; Amós 5:8; 6:8; 9:6;

A Versão de João Ferreira de Almeida, a Almeida Revista e Corrigida, de 1693:
Empregou milhares de vezes na forma JEHOVAH, como se pode ver na reimpressão, de 1870, da edição de 1693. A Edição Revista e Corrigida (1954) retém o Nome em sua forma moderna (Jeová) em lugares tais como Salmo 83:18; Isaías 12:2 dentre outros, e extensivamente, no livro de Isaías, Jeremias e Ezequiel.[15]

La Santa Bíblia - Version Reina-Valera (1909):
Traduz quase todas as vezes integralmente como Jehova.
A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, New York, Inc. , 1961 e revisada em 1984. Traduz o Tetragrama quase 7.000 vezes nas Escrituras Hebraicas (Antigo Testamento) e muitas outras vezes nos escritos Gregos-Cristãos (Novo Testamento).

Visto que a pronunciação original de יהוה é desconhecida, e visto que já por séculos o uso da tradução Jeová passou a ser amplamente divulgado e estabelecido entre muitos cristãos, tornando-se uma pronúncia familiar em muitos idiomas, vários grupos religiosos, mais notavelmente as Testemunhas de Jeová, continuam a usá-la, ainda que muitos outros grupos religiosos favoreçam a pronúncia Javé ou Yahvé, ou mesmo o titulo SENHOR.


Vaticano
Em uma carta datada de 29 de junho de 2008, o Vaticano emitiu uma nota oficial, orientando para que o nome Iavé deixe de ser utilizado no serviço litúrgico católico romano. A medida não afetaria significativamente a linguagem litúrgica, uma vez que o termo não consta das traduções oficiais dos missais romanos, mas implicaria na modificação de alguns hinários. O nome YHWH continuaria a ser utilizado na leitura do Lecionario e de Bíblias católicas romanas.[16][17].


Outros usos de YHWH


Geneva Bible, 1560. (Salmo 83:18)
Sendo amplamente conhecido, durante séculos antes da era comum não havia dúvidas quanto à sua pronúncia, o que explica a ausência de um abjad - um sistema de escrita com símbolos das letras que representam as consoantes.

A tradição religiosa dos judeus, especialmente a sua tradição esotérica e mística, a cabala, considera o Nome de Deus tão sagrado quanto impronunciável. Não se sabe ao certo a origem de tal tradição, ou como ela se desenvolveu com o tempo. Crê-se que se tenha originado no alegado receio de desobedecer o 3º dos Dez Mandamentos, ou Decálogo, dados a Moisés. "Não pronunciarás em falso o nome de Yeová [YHWH] teu Deus, porque Yeová [YHWH] não deixará impune aquele que pronunciar em falso o seu nome." (Êxodo 20:7, BJ - A proibição seria sobre o mau uso do Nome Divino, não sobre o seu uso.)

De qualquer maneira, os judeus em algum período pós-exílico, adotaram a palavra hebraica 'Adho.nái (que significa "Soberano Senhor") ao pronunciarem o Tetragrama Sagrado. Assim, YHWH recebeu sinais vocálicos - colocados por copistas judeus chamados massoretas - de forma que fosse pronunciado Adonai. Sendo assim, ficou reservado apenas aos copistas e sacerdotes a correcta pronúncia de YHWH codificada num sistema de sinais vocálicos.
A pronúncia Jeová, além de aparecer em algumas versões bíblicas, também é usada pelos maçons, e rosacruzes. As correntes ligadas ao Cristianismo Esotérico, tais como a Gnose e a Rosacruz, identificam esse Tetragrama como designação do Espírito Santo, e não do Deus-Pai.

Na Cabala judaica
Segundo a Cabala Judaica, a Torá teria sido revelada a Moisés no alto do Monte Sinai, e ele teria registrado de forma escrita aquilo que só poderia ser entendido directamente de Deus, garantindo assim que permaneça impronunciável. Afirmam uma eventual relação do Tetragrama com o nome de Adão (Yode) e Eva (Chavah) no Génesis, já que Yode-cHaVaH é exactamente YHWH, o Tetragrama Sagrado, dando a entender uma relação mais profunda ainda entre o "Senhor Deus" e sua obra.
Com o decorrer do tempo, os judeus adoptaram outras expressões substitutas para se referir ao Tetragrama Sagrado: "O Nome", "O Bendito" ou "O Céu".

Na Cabala, as palavras correspondem a valores que são calculados usando-se uma atribuição de valores às letras do alfabeto hebraico. Isto chama-se gematria. É considerado um dos mais importantes mecanismos de interpretação do texto bíblico usados pelos cabalistas e místicos judeus. Usando gematria, os cabalistas calculam o valor numérico do Tetragrama Sagrado como sendo 26 (Yode = 10, Hê = 5, Vau = 6, Hê = 5; 10 + 5 + 6 + 5 = 26 ), cujo número menor é 8 (2+6). Para os rabinos, o número 26 também é sagrado pois identifica-se com o Tetragrama YHWH. Os ocultistas interpretam o Tetragrama YHWH e outros símbolos cabalisticos como signos mágicos poderosos capazes de abrir as portas da consciência humana.



“Jeová” ou “Javé”?


Nome IEHOVAH escrito numa parede de uma igreja norueguesa. (Fonte: O Nome Divino na Noruega)

Apesar da discussão sobre sua origem e significado, muitos afirmam que os sons vocálicos originais do Tetragrama YHWH jamais serão conhecidos, estando perdida a pronúncia original. Tal posição tem levado a debates apaixonados sobre o assunto, tanto por parte de eruditos como de religiosos, o que têm produzido interessantes conclusões.


Alguns argumentam que se o nome de Deus fosse Jeová, não se falaria aleluia (Hallelu Yah), e sim aleluieo ou Hallelu Yeho - ("Glória a Yehowah" Jeová). Mas Hallelu Yah - (Jah seja louvado").

Esta controvérsia vem sendo travada por muitos anos. 

Atualmente, muitos eruditos parecem favorecer o nome “Javé” (ou “Iahweh”), de duas sílabas. Mesmo assim, o Hebraico ou Aramaico, não se usava vogais, era apenas composta por consoantes.


Mas, considerando alguns exemplos de nomes próprios encontrados na Bíblia, que incluem uma forma abreviada do nome de Deus na tradução Jeová, George Wesley Buchanan, professor emérito no Seminário Teológico de Wesley, Washington DC, Estados Unidos, afirma que esses nomes próprios podem fornecer indicação de como se pronunciava o nome de Deus.



Jehovah em manuscritos de William Blake.



George Wesley Buchanan explica:
"Na antiguidade, os pais muitas vezes davam aos filhos o nome de suas deidades. Isto significa que pronunciavam os nomes dos filhos assim como se pronunciava o nome da deidade. O Tetragrama foi incluído em nomes de pessoas, e eles sempre usavam a vogal do meio."

Por exemplo:

Jonatã aparece como (Yo•na•thán ou Yeho•na•thán) na Bíblia hebraica, significa “YHWH deu”. 
O nome do profeta Elias é ’E•li•yáh ou ’E•li•yá•hu. Segundo o Professor Buchanan, Elias significa: “Meu Deus é [YHWH].” Da mesma forma, o nome hebraico para Jeosafá (Yeho•sha•phát), significa “YHWH julgou”.

A pronúncia do Tetragrama com duas sílabas, como “Javé” (ou “Yahweh”), não permitiria a existência do som da vogal 'O' como parte do nome de Deus. Mas, nas dezenas de nomes bíblicos que incorporam o nome divino, o som desta vogal do meio aparece tanto nas formas originais como nas abreviadas, como em Jeonatã e em Jonatã.



JEHOVA em trechos de Raymond Martin em Pugio Fidei adversus Mauros et Judaeos de 1270 (pag. 559).



O Professor Buchanan[18] diz a respeito do Nome Divino:
"Em nenhum caso se omite a vogal oo ou oh. A palavra era às vezes abreviada como ‘Ya’, mas nunca como ‘Ya-weh’. . . . Quando o Tetragrama era pronunciado com uma só sílaba, era ‘Yah’ ou ‘Yo’. Quando era pronunciado com três sílabas, era ‘Yahowah’ ou ‘Yahoowah’. Se fosse alguma vez abreviado a duas sílabas, teria sido como ‘Yaho’." - Biblical Archaeology Review.

Segue-se outra declaração feita pelo hebraísta Wilhelm Gesenius, no Dicionário Hebraico e Caldaico das Escrituras do Velho Testamento (em alemão):

"Os que acham que יהוה [Ye-ho-wah] era a pronúncia real [do nome de Deus] não estão totalmente sem base para defender sua opinião. Assim se podem explicar mais satisfatoriamente as sílabas abreviadas והי [Ye-ho] e יו [Yo], com que começam muitos nomes próprios."

Na introdução da tradução de (Os Cinco Livros de Moisés), Everett Fox afirma:

"Tanto as tentativas antigas como as novas, para recuperar a pronúncia ‘correta’ do nome hebraico [de Deus], não foram bem-sucedidas; não se pode provar conclusivamente o ‘Jeová’ que se ouve às vezes, nem o padrão erudito ‘Javé’ ‘Iahweh’."[19]


O nome JEHOVAH exibido numa Igreja Vétero-Católica) de Olten, Suíça, 1521.


Os estudos eruditos continuarão. Os judeus deixaram de pronunciar o nome de Deus antes dos massoretas desenvolverem o sistema de pontos vocálicos. Não há como se provar quais vogais acompanhavam as consoantes YHWH (יהוה).
Ainda assim, os nomes próprios de personagens bíblicos fornecem indício da antiga pronúncia do nome de Deus. Assim, alguns eruditos concordam que a pronúncia “Jeová”, seja correcta.

A pronúncia original de יהוה é desconhecida, mas por séculos o uso da tradução Jeová[20], passou a ser amplamente divulgado e estabelecido entre muitos cristãos, tornando-se uma pronúncia familiar e popular em muitos idiomas. Assim, vários grupos religiosos, mais notavelmente as Testemunhas de Jeová, continuam a usá-la, ainda que muitos outros grupos religiosos favoreçam a pronúncia Javé ou Yahvéh, ou mesmo o titulo SENHOR. Segundo elas, os diversos nomes próprios existentes são muitas vezes pronunciados de maneiras diferentes da língua original, e assim como ocorre com o nome "Jesus", transliterado do original Ye·shú·a‘ ou [vindo de Josué] Yeho·shú·a‘, não se deveria abandonar o uso do nome "Jeová" simplesmente por não se saber a pronúncia exata deste[21].

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