quinta-feira, 20 de março de 2014

 

O Egito em busca do turismo perdido

 
arquivo particular
No dia que marca a esperança da volta da democracia a esta civilização milenar , resgatei um dos passeios mais marcantes nas cercanias do Cairo : Sakkara a mais antiga necrópole do Egito
A visita ao Sítio de Sakkara é imperdível , mas é no caminho até a necrópole do Antigo Império que vamos descurtinando imagens de um país onde a vida parece seguir um ritmo do século passado ou em alguns momentos da própria civilização egípcia antiga. Deixe-se ser levado pelo encantamento e não se incomode se o trânsito for interrompido por um rebanho de cordeiros ou por alguns ciclistas desavisados.
 
Sakkara , primeiro “cemitério”  de pedra do Antigo Egito, guarda nas suas muralhas o formato do antigo Palácio de Memphis, primeira capital do Império Egípcio. Foi aqui que o arquiteto Imhotep criou pela primeira vez uma pirâmide para abrigar os restos mortais do faraó e todo seu enxoval funerário, necessário para cumprir sua trajetória na vida eterna.
Situada na periferia do Cairo, menos de 20km de distância, oferece um vislumbre do Egito rural para aqueles que não terão tempo de explorar o interior do país.
A Pirâmide Escalonada ou Pirâmide de Degraus é a mais antiga construção neste formato que se tem notícia. Foi construída em blocos pequenos de pedra com estruturas sobrepostas. Guardava um estátua do faraó Djoser que hoje encontra-se no Museu do Cairo, na famosa Praça Tahrir centro da cidade.
 
 
A entrada do complexo é uma pequena linha de colunas que remontam a origem da vida para os antigos egípcios, como um pântano de onde a vida surgiria. O mais interessante é que todas estas crenças antigas são completamente desconhecidas para a população atual, que vive dentro da cultura islãmica e só teve acesso ao seu passado pelos livros e pela leitura dos hieróglifos feita pelo linguista francês Champollion.
 
Aqui a sensação de voltar no tempo é completa, bem menos turistas se aventuram a chegar até Sakkara, principalmente ao entardecer.
 
 
Para além dos grandes monumentos de Sakkara , várias tumbas escavadas na rocha estão abertas para visitação com relevos coloridos e muito bem conservados.
Ao longe pode-se vislumbrar o contorno de outras pirâmides anteriores a Gisé, a Pirâmide Vermelha e a Romboidal.
A população local cria um ambiente acolhedor e colore a paisagem monocromática das areias do deserto. Crianças oferecem souvenirs ou pedem gorjetas por fotos ou qualquer outro motivo, e repetem sem parar o bordão que soa como algo assim: “meibileita”. Depois de vários dias conseguimos decifrar o enigma, eles tentam dizer em inglês , “maybe later”, o que seria algo como “talvez mais tarde”!
 
 
Esperamos que o Egito consiga superar suas dificuldades políticas em breve e que o turismo seja restaurado! Seremos as primeiras a reinaugurar a rota com um Egito com Arte.
 
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Egito, patrimônios da humanidade - Philae , templo de Ísis.

07 de fevereiro de 20115
 Diante dos recentes acontecimentos no Egito, me sinto preocupada com  destino deste povo já tão sofrido e comovida com a possível destruição do patrimônio histórico e artístico do país. Acredito que conhecer as riquezas desta cultura milenar seja uma forma sinjela de ajudar em sua preservação, para isto vou colocar alguns posts de Templos espalhados pelo país , que espero em breve estejam novamente liberados para a apreciação do mundo e colaborando para o desenvolvimento da democracia e economia egípcia.
O Templo de Philae em Assuan no Egito é primor histórico e um feito de engenharia. Ameaçado pelas águas do Lago Nasser , criado em decorrência da represa de Assuan contruída na década de 60,  o templo ficava submerso boa parte do ano e estava entrando em deterioração. Um movimento internacional trabalhou na sua remoção e uma nova locação foi feita.
Estivemos por lá em três ocasiões e posso dizer que este é meu templo favorito no país dos Faraós. Alem do ótimo estado de conservação , Philae tem entorno especial pois a ilha para onde foi transferido não tem outra construção além do próprio templo.
 
Removido e reconstruído pedra a pedra, Philae é um passeio feito em pequenos barcos desde a cidade de Assuan. O passeio já é uma delícia, nesta região o Rio Nilo forma ilhas de pedra que criam um ambiente diversificado e encantador. O sol , sempre presente, reflete na água as pedras milenares que formam o templo.
Aqui aparece o Hotel Old Cataract onde foi filmado o clássico de Agatha Christie, “Morte no Nilo”, ainda hoje o hotel mais luxuoso da região. As felucas compões a paisagem, embarcações típicas do país.
 
 
 
 



Philae é uma construção Ptolomaica, isto é , feita pela dinastia grega que governou o Egito Antigo em seu derradeiro momento Antes de cair nas mão de Roma e tornar-se uma possessão desta civilização. O general Ptolomeu, do exército de Alexandre o grande, herdou a região após a morte do grande conquistador e deu nome a dinastia lhe seguiu. A figura mais conhecida entre os Ptolomeus foi Cleópatra VII, a famosa Cleópatra de César e Marco Antônio. Ela foi a última governante desta dinastia e viveu até 30 a.C., apesar de serem egípcios os Ptolomeus nunca deixaram de falar grego e ter sua cultura ligada a esta civilização.
Neste relevo o rei Ptolomeu faz uma oferenda a deusa Ísis e a Hórus, seu filho, no Pilone de entrada do templo , tudo em dimensões monumentais.
 













Philae originalmente foi templo dedicado a deusa Ísis, uma deusa da cultura egípcia mas que foi adotada por muitos outros povos antigos. Quando os cristão se tornaram mais poderosos o templo foi transformado em Igreja Católica e foi neste momento que os relevos dos deuses foram martelados para serem descaracterizados e transfomados em santos cristãos.
Mais significativo a cruz sobreposta aos deuses, o poder da nova cultura se soprepondo ao antigo credo. 
Os capitéis dos pilares de um período artístico tardio são variados , cada um com um formato diferente. Um primor artístico contra o céu azul.
O templo é dividido em setores com significações especiais. Quando foi remontado perdeu a sua linearidade original, mas não o encanto .
Esta pequena construção na margem do Nilo é um quiosque , mandado construir pelo Imperador Romano , Trajano. Delicado e grandioso ao mesmo tempo, mostrava a força de dominação dos romanos no seu celeiro do mundo Antigo, o Egito.
Atualmente o povo egípcio é muçulmano e não guarda relação com a cultura do Antigo Egito , mas contribui com o exotismo e o colorido, criando uma mistura original presente em todos os sítios.






Um chá nas Pirâmides de Gisé

22 de dezembro de 20102
arquivo particular
Falar sobre a visita às Pirâmides de Gisé no Cairo não traz nenhuma novidade, é a visita obrigatória para quem vai ao Egito. Mas o que parece óbvio tem seus segredos e eu diria que o maior deles é a escolha do horário. A manhã é o período predileto dos guias de turismo, por sinal a regra no Egito é acordar muito cedo e fazer a maioria dos passeio pela manhã para evitar o sol escaldante do meio-dia. Mas é o fim de tarde que reserva um brinde especial para os bem informados. Bem em frente a Esfinge localiza-se um café, que para além do chá de karkady, oferece um pôr de sol emoldurado pelas 3 Pirâmides.
O chá pode ser trocado por uma stella (marca de cerveja mais tomada no país) ou um café, mas desfrutar deste visual quase particular, pois a maioria dos turistas sai rapidamente para o próximo destino, é um dos programas imperdíveis da viagem.
Uma foto tradicional é o Beijo na Esfinge! Vejam que não é muito simples, eu só consegui beijar o nariz quebrado!
O Sítio Arqueológico de Gisé compreende as três grandes pirâmides de Kéops, Kéfren e Miquerinos, a Esfinge , o Templo do Vale e o Museu da Barca Solar. A Esfinge guarda as tumbas dos antigos Faraós no seu descanso eterno.
O contraste do Antigo Egito aparece constantemente com o atual Egito Muçulmano onde costumes nos surpreendem a cada instante. A magnitude das pedras da grande Pirâmide de Kéops são testemunhas de quase cinco mil anos de História.
 
Uma grande “roubada” por aqui é subir num dos muitos camelos oferecidos pelos vendedores que circulam em torno dos turistas. Provavelmente você vai negociar ao montar no animal e pagar o dobro para desmontar. Uma lástima não limitarem o acesso dos mascates na área das pirâmides, assediam sem cessar quase quebrando a magia local.
Outro fator problemático em Gisé é o grande crescimento da cidade que está estrangulando o espaço das pirâmides , acabando com o que restava de nossa ilusão de encontrar as pirâmides perdidads no meio do deserto. Vários projetos existem para a região , inclusive a construção de um grande museu que desafogaria o caótico Museu do Cairo , mas desde nossa primeira viagem ao Egito esta construção vem sendo postergada! Uma pena , pois o Egito tem o turismo como uma das principais fontes de renda e com certeza todos ganharim com um cuidado maior em Gisé.
 
 
Bem perto do Sítio de Gisé está o Hotel Mena Haouse Oberoi, grande palácio que Ismail Pasha, o último Pachá , construiu ao lado das pirâmides. Reza a lenda que a, também  última, imperatriz francesa, Eugênia , esposa de Napoleão III ,teria tido um afair com o Pachá e que na inauguração do Canal de Suez  teriam se encontrado no Palácio. Este hotel guarda muitas recordações de acontecimentos históricos, serviu de base para os australianos na I Guerra e de local de encontro entre Churchill e Roosevelt na II Guerra.
 
 
 
 
Para nós foi um local de uma belíssima refeição com vista para as pirâmides, até porque na região não existe muitas opções interessantes para o almoço ou um happy hour antes do show de luz e som, que também é muito bonito e conta um poucoi dos 5 mil anos de história que rondam o lugar.

Sobrevoando o Vale dos Reis no Egito

15 de outubro de 20104
Conhecer o Vale dos Reis às margens do Rio Nilo no sul do Egito já é um privilégio para poucos.Mas fazer está visita à bordo de um balão é uma experiência para constar no anais da nossa história. 
arquivo particular
O Vale dos Reis é onde localiza-se a necrópole dos Faraós do Antigo Egito, onde suas múmias foram colocadas em enormes tumbas escavadas na rocha e decoradas com a maestria da arte egípcia. Aqui estão as tumbas de Tutankamon e Ramsés II, faraós de uma época onde as antigas pirâmides de Gisé já não cumpriam seu objetivo de manter um sepulcro seguro para a eternidade, pois já haviam sido saqueadas por ladrões de sarcófagos. Mais de sessenta tumbas foram encontradas aqui e escavações continuam sendo feitas na busca de um tesouro intacto como o do Faraó Tutankamon, encontrado em 1922 pelo arqueólogo inglês Howard Carter. O Colosso de Menmon atualmente marca a entrada do Vale, mas já foi o portal de um grande palácio destruído pelas cheias do Nilo. Aqui subimos no balão para começarmos nossa aventura!
 As cestas são grandes , comportando uma média de trinta pessoas em cada viagem. Mesmo para os mais assustados com os ares, o vôo é tranquilo e a sensação de liberdade vale a ansiedade inicial.

Nos vôos mais baixos pode-se vislumbrar a vida privada, quase invadindo os quintais das casas de adobe. A simplicidade quase bíblica das moradias e das pessoas é algo que encanta mas também assusta. Por alguns momentos tem-se a sensação de ter voltado no tempo. Práticas de irrigação e plantações seguem as mesmas técnicas do Egito Antigo, e os moradores locais não cansam de acenar para os turistas que invadem seus afazeres.
 
O cenário é quase lunar, o deserto montanhoso esconde o vale onde as tumbas estão espalhadas. Ao pé da montanha situa-se o Templo da Faraó mulher Hatshepsut, uma das jóias arquitetônicas de Luxor. Visto do alto ele quase se confunde à paisagem.
Apesar de ser um país desértico o Egito é um grande produtor agrícola devido à irrigação que o Rio Nilo permite fazer nas suas margens. Antigamente as cheias do Nilo eram vistas como um dádiva dos deuses, após a construção da Barragem de Assuan as cheias são controladas e a produção de alimentos cresceu muito no país. É surpreendente ver o contraste do ocre do deserto com o verde das plantações.
arquivo particular
Enquanto nosso balão era recolhido muitas crianças se aproximavam vendendo quinquilharias ou pedindo alguma propina, um prática bastante usual por aqui.
Mas nossa viagem foi das primeiras do dia e outros balões seguem enfeitando os ares até às 8h, quando a calmaria da manhã acaba e seguiremos para visitar a cidade de Luxor antiga capital conhecida como Tebas.

 
O nascer do sol no Nilo é um evento simbólico desde a Antiguidade. O sol simbolizava o recomeço da vida, era o deus Rá para os antigos egípcios. No leste as cidades eram construídas para celebrar a vida terrena. Na margem oeste ficavam as necrópoles, simbolizando o mundo do além , onde o sol se põe para passar o período de escuridão.

Encantamento num cruzeiro no Nilo

03 de outubro de 20105
arquivo particular
Navegar pelo Rio Nilo é uma das melhores maneiras de conhecer o Egito!
Muitos barcos fazem esta viagem, mas em geral todos costumam ser espaçosos e guardar um charme meio nostálgico, quase como os bistrôs franceses em relação aos grandes trasatlânticos pasteurizados. A viagem mais usual vai de Luxor a Assuan, ou vice-versa, mas existem cruzeiros mais longos por regiões menos turísticas como Abydus e Dendera.
 
Assuan é um local de veraneio onde os europeus passam férias nos vários resorts espalhados pelas margens do Nilo. É um local aprazível e tranqüilo.
Desde de 1960 é conhecida por abrigar a Represa de Assuan, feita para gerar energia e alavancar a industrialização planejada pelo presidente Nasser. A represa criou o enorme Lago Nasser que inundou o deserto até a fronteira com o Sudão, deixando submersos diversos templos antigos. Os templos mais importantes, como Abu Simbel e Philae, foram relocados em áreas mais altas com ajuda internacional.

Em Assuan localiza-se o Hotel Old Cataract, célebre pelo filme “Morte no Nilo” baseado no livro homônimo de Agatha Christie.
Aqui as felucas, barcos de passeio típicos da região, criam um clima que inspira descanso e reflexão.

Seguindo o Nilo em direção norte a paisagem é deslumbrante, a margem verdejante de tamareiras contrasta com o deserto árido e montanhoso e é emoldurada por um céu constantemente azul.
Como o rio é estreito, durante todo o percurso vai se tendo um desfile de vilarejos e ruínas que podem ser visitadas em rápidas paradas.

A população local usa o Nilo como meio de transporte e subsistência. Cenas insólitas de embarcações improvisadas divertem quem se detém a apreciá-las. Num passeio de feluca um menino se agarrou a nosso barco e seguiu catando por um bom tempo, ganhou boas gojetas, mas até agora não sei dizer se foi pelo show ou para desistir da carreira artística.



Todos acenam para os barcos de turistas , que são uma atração para os egípcios, mesmo já fazendo parte da paisagem.

Nesta viagem o que mais importa não é o destino final e sim o percurso.  
Lembrar toda a antiguidade desta civilização sobre a qual o historiador grego Heródoto chegou a dizer : ” O Egito é uma dádiva do Nilo”, com suas cheias que fertilizavam as margens permitindo que o país fosse o celeiro do mundo antigo.  
Deslizar na cadência da correnteza e desfrutar de uma paisagem milenar, nos faz quase delirar ao de ver uma construção que poderia ter servido de manjedoura de Jesus, até com os burrinhos perfilados.
Um mico que todo mundo tem que pagar é comprar um roupa típica egípcia e participar da festa à fantasia promovida pelos navios. Na primeira vez que estivemos no Egito , em nosso barco estavam praticamente só europeus, foi quase um velório! Já nas duas vezes que fomos com grupos de brasileiros , todos entraram no clima e se produziram muito, várias versões de Cleópatra surgiram e foi muito divertido. A tripulação do barco se encantou principalmente com os “cabelos” das brasileiras, objeto de desejo na cultura árabe, sempre coberto por lenços em público.

Curtir o entardecerno navegando no Nilo, só seria mais perfeito se fosse com um chimarrão!
arquivo particular
E não é que os gaúchos não esquecem da cuia e da bomba…
Brindemos ao Egito!
 

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