quinta-feira, 29 de maio de 2014

Egito: Vale dos Reis, a necrópole mais famosa do planeta
O remoto e árido Vale dos Reis é, provavelmente, a necrópole mais famosa do planeta, não tivesse a câmara funerária de Tutankhamon sido aqui descoberta em 1922 por Howard Carter.
Vista do Vale dos Reis | D.R.
Vista do Vale dos Reis | D.R.
Escolhido como necrópole pelos faraós do Império Novo, a partir de Tutmósis I (1500 a.C.), pela localização escondida entre as montanhas calcárias de Tebas, o Vale dos Reis foi o local onde estes mandaram escavar e ocultar os seus túmulos, de modo a impedir os roubos dos valiosos tesouros que eram ali também eram enterrados. Porém, a estratégia não resultou e só as câmaras funerárias de Yuya e Tuya e de Tutankhamon não foram saqueadas.
Vale dos Reis | D.R.
Vale dos Reis | D.R.
Apesar das pilhagens e saques ao longo dos tempos, as estruturas das câmaras funerárias ainda resistem, com os impressionantes corredores coloridos, decorados com relatos simbólicos da viagem pelo mundo dos mortos e pinturas rituais que assistiram os faraós na vida após a morte.
No total, foram descobertos 65 túmulos no Vale dos Reis e 62 estão devidamente numerados, por ordem cronológica da sua descoberta. Cada túmulo está representado pelas letras KV (King’s Valley em inglês), seguido do número que identifica em que altura o mesmo foi descoberto. Só alguns túmulos estão abertos ocasionalmente ao público, isto enquanto as autoridades egípcias não decidirem encerrar algumas câmaras funerárias definitivamente. A de Tutankhamon está nessa lista, bem como a do faraó Séti I e da Nefertari, esta última no Vale das Rainhas.
Mapa do Vale dos Reis | D.R.
Mapa do Vale dos Reis | D.R.
Apesar de ser aquele que move a visita de milhões de pessoas anualmente ao local,o túmulo de Tutankhamon desilude quando comparado com os restantes. O túmulo em si é muito pequeno e as paredes têm partes que não estão decoradas. Mas a câmara funerária, ainda assim, é a única que contém o corpo do rei dentro do caixão dourado.
Entrada no túmulo de Tutankhamon | D.R.
Entrada no túmulo de Tutankhamon | D.R.
Esquema do túmulo | D.R.
Esquema do túmulo | D.R.
Descoberta do túmulo, 1922 | D.R.
Descoberta do túmulo, 1922 | D.R.
O sarcófago | D.R.
O sarcófago | D.R.
É importante ter bem em consideração aquilo que quer ver no Vale dos Reis, porque o bilhete só permite entrar em 3 dos 62 túmulos descobertos. Isso mesmo, apenas em 3. E para entrar no de Tutankhamon, o bilhete tem de ser pago à parte. E é impossível fotografar o interior dos túmulos, a menos que pague esse “luxo”, igualmente, à parte.
Não visitei o túmulo de Tutankhamon, mas vi ao pormenor as câmaras funerárias de Ramsés IV (KV n.º 2), a de Ramsés VI (KV9) e a de Ramsés I (KV16).
O primeiro destes três túmulos, da 20.ª Dinastia, é um dos mais importantes em toda esta necrópole, mesmo estando as suas paredes, com cenas coloridas do “Livro dos Mortos”, cobertas de escritos coptas e gregos. Na câmara funerária, a deusa Nut é representada atravessando o tecto azul, enquanto o túmulo, totalmente em granito, está coberto de textos mágicos e gravuras de Ísis e Nephyts, que protegem o sarcófago.
Entrada no túmulo de Ramsés IV | D.R.
Entrada no túmulo de Ramsés IV | D.R.
Esquema da câmara funerária de Ramsés IV (KV2) | D.R.
Esquema da câmara funerária de Ramsés IV (KV2) | D.R.
O sarcófago | D.R.
O sarcófago | D.R.
Dentro da câmara | D.R.
Dentro da câmara | D.R.
O túmulo seguinte na minha visita havia sido construído, originalmente, para Ramsés V, mas foi ampliado por Ramsés VI. Os seus elementos mais marcantes são o tecto astrológico abobadado e o sarcófago interior do faraó.
Esquema da câmara funerária de Ramsés VI (KV9) | D.R.
Esquema da câmara funerária de Ramsés VI (KV9) | D.R.
Tecto da câmara | D.R.
Tecto da câmara | D.R.
Finalmente, o túmulo de Ramsés (KV16), fundador da 19.ª Dinastia, é pequeno comparativamente aos primeiros dois, mas está mais decorado. Foi descoberto em 1817 pelo italiano Giovanni Belzoni e tem as paredes pintadas com cenas do “Livro das Portas”. A câmara funerária tem ao centro um grande sarcófago em granito.
Esquema da câmara funerária de Ramsés (KV16) | D.R.
Esquema da câmara funerária de Ramsés (KV16) | D.R.
O sarcófago em granito rosa | D.R.
O sarcófago em granito rosa | D.R.
Mas há outros túmulos importantes que devem ser vistos no Vale dos Reis, caso haja tempo e disponibilidade financeira para isso. Um deles é o de Séti I (KV17) e o de Tutmósis III (KV34), que se destaca pelo facto de ter sido escavado a 30 metros de altura, numa tentativa infrutífera de evitar pilhagens e saques. A entrada faz-se por uma escada de metal.
Actualmente, é o túmulo KV5 que domina as atenções dos egiptólogos, ao ponto de as escavações ainda decorrerem no local. Em 1994, o arqueólogo americano Kent Weeks começou a escavar um túmulo que os historiadores consideravam pouco importante. No entanto, acabou por encontrar o maior e mais complexo túmulo do complexo do Vale dos Reis. Crê-se que o local era o túmulo dos filhos de Ramsés II. Até agora foram descobertos um átrio de entrada com 16 colunas, vários corredores e mais de 100 câmaras. Apesar de não conter tesouros, milhares de artefacto já foram recolhidos do local. Obviamente, ainda não é visitável.
Informações úteis:
  • Localização: 2Km a Norte da bilheteira da margem Oeste de Luxor
  • Horários: Aberto diariamente
  • Preço: 80 LE (Outubro 2012) ou 9,14€. O bilhete só é válido para três túmulos. Terá de comprar um bilhete, na entrada de bilheteira, em separado se quiser visitar a câmara funerária de Tutankhamon.
  • Não é permitido fotografar ou filmar no interior dos túmulos. Se o quiser fazer, tem de comprar os respectivos bilhetes, à parte, também na bilheteira. Os seguranças do local, se apanharem o material fotográfico dos turistas, tiram-no sem contemplações e não o devolvem, nem no final da visita. Contudo, nada fazem relativamente ao boom de telemóveis (celulares) com máquina fotográfica e flash incluídos.
  • Caso tenha tempo e se interesse pelo tema, não deixe de passar pelo Vale das Rainhas, necrópole a sudoeste do Vale dos Reis onde estão os túmulos dos filhos e das mulheres dos faraós, incluindo a de Nefertari, e pela zona dos Túmulos dos Nobres, uma vasta área a sul do Vale dos Reis que reúne mais de 400 túmulos de nobres e altos dignatários de Tebas, sobretudo do Império Novo. Esta área de túmulos estava mais perto do Nilo e foi desenvolvida em paralelo com o Vale dos Reis, local da morada eterna dos faraós daquele tempo.

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