sábado, 22 de março de 2014

Templo maia dedicado ao Sol é descoberto na Guatemala

Arqueólogos escavaram estrutura em El Zotz, perto de Tikal, na floresta de Petén

 
Tikal, Guatemala
Thinkstock
As ruínas maias de Tikal são um dos maiores legados arquitetônicos e culturais dos povos pré-colombianos da América Central. Patrimônio da Humanidade pela Unesco, eles atraem dezenas de milhares de turistas à Guatemala.
Arqueólogos guatemaltecos e norte-americanos anunciaram, semana passada, a descoberta de um templo maia dedicado ao culto ao Sol. Batizada de Templo do Sol Noturno, a estrutura foi encontrada em El Zotz, sítio arqueológico situado em Petén, perto de Tikal, cerca de 500 quilômetros ao norte da capital da Guatemala.
"O Templo do Sol Notruno é uma subestrutura da pirâmide do Diabo", disse o arqueólogo norte-americano Thomas Garrison, da Universidade da Califórnia (EUA), durante a apresentação da descoberta, na Cidade da Guatemala. "Trata-se de uma estrutura incrível por sua arte e função para homenagear o Sol", explicou.
A estrutura tem 13 metros de altura e apresenta múltiplos níveis, o que, de acordo com os especialistas, ajuda a preservá-la do agressivo clima da selva tropical em que está inserida. O templo se localiza a 190 metros sobre o ponto mais baixo do vale de Buena Vista e a 160 metros sobre o nível da praça principal de El Zotz.
O vale de Buena Vista foi uma das rotas comerciais mais importantes da região maia de Petén. Situada numa zona de conflito entre as dinastias que comandavam as cidades de Tikal e de Waka', a rota teria servido para amenizar a rivalidade entre as elites maias.
Também envolvido na descoberta, o arqueólogo Edwin Román, da Universidade de Austin (EUA), explicou que na iconografia do templo é possível contemplar "a glorificação ao Sol", já que o astro-rei está representado na alvorada, em seu ponto mais alto e no crepúsculo.
A primeira fase se refere à deidade do Sol e está simbolizada por um peixe; a segunda fase, o sol do meio-dia, aparece como "ele que bebe sangue", e a terceira, chamada "sol noturno", é representada por um jaguar feroz. Essas fases coincidem com as descritas no contexto de "inframundo" (mundo subterrâneo) referido no Popol Vuh, o livro sagrado dos maias.
Guatemala
Getty Images

As pirâmides de Tikal são as maiores da cultura maia e podem ser observadas a partir do Templo do Sol Noturno em El Zotz - Foto: Getty Images
"Essa estrutura foi elaborada com a intenção de 'ver e ser vista'. Está pintada em um intenso vermelho e a partir dela é possível observar o topo das principais pirâmides de Tikal", disse Román.
A cerca de 25 quilômetros de El Zotz, Tikal foi uma das mais esplendorosas cidades maias em seu tempo. Fica no coração da selva de Petén e nela estão as pirâmides mais altas e imponentes da cultura maia.
Na língua maia, Zotz significa morcego, animal que aparece representado em várias cidades pré-colombianas, especialmente em Copán (Honduras). Zotz também correspondente a um dos signos do calendário maia e nele aparece representado pela figura do morcego.
Na mitologia maia, os mamíferos de hábitos noturnos capazes de voar estão sempre associados ao reino das trevas, à escuridão e à morte. Tanto que no Popol Vuh os personagens mitológicos Hunahpú e Ixbalanqué devem enfrentar uma série de provas impostas pelos senhores de Xibalbá (nome do inframundo), dentre elas Zotzi Ha (casa dos morcegos).
Os trabalhos de pesquisa e escavação arqueológica

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