Postado por luzia
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Projeto de Arqueologia Subaquática Trabalhos em águas brasileiras |
O documentário Arqueologia Subaquática,
fazem explicações bem didáticas sobre o significado da prática da Arqueologia Subaquática.
O documentário pode ser facilmente dividido em três partes temáticas, separadas por cortes onde abririam comerciais televisivos. A primeira é dedicada a fazer uma definição sobre o quê vem a ser a Arqueologia Subaquática. Esta, segundo Calippo, "(...) nada mais é do que a Arqueologia que a gente faz no ambiente aquático. É a mesma Arqueologia. A única diferença é que a gente tem que ir para debaixo d'água".[2] Além disso, os estudiosos apresentam um histórico desta prática. No âmbito internacional, os arqueólogos dão destaque aos trabalhos do arqueólogo americano George Fletcher Bass. No nacional, fazem um ótimo histórico da Arqueologia Subaquática no Brasil desde a década de 1970, com a escavação do Galeão Sacramento até a atualidade, com a criação de núcleos de pesquisa especializados - com destaque ao Centro de Estudos de Arqueologia Náutica e Subaquática (CEANS), sediado na Unicamp.
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Arqueólogo em trabalho de campo na cidade egípcia Heracleion, que estava submersa há mais de 1200 anos e foi redescoberta em 2000. |
A segunda parte do documentário é a mais longa delas. Afinal, é nela que os especialistas discutem a diferença entre a prática da Arqueologia Subaquática e a caça ao tesouro.[3] Nela, os arqueólogos mostram a importância de ter um sítio escavado cuidadosamente e argumentam sobre o quão penoso ao próprio sítio e ao conhecimento que podemos adquirir com ele é a coleta aleatória de materiais, tanto no sentido para vender o quê fora resgatado quanto na ideia de adquirir um "souvenir" do sítio. Além disso, são apresentadas a Convenção da UNESCO para a proteção do Patrimônio Submerso, de 2001, e uma crítica à lei brasileira nº 10.166/00, cujo texto possui uma proposta de alteração de autoria dos próprios especialistas, um projeto-lei de 2006.
A última parte do documentário é dedicada à apresentação de projetos que o CEANS se envolveu ou ainda estava envolvido na época da produção do documentário. Aqui, os autores falam não apenas de uma publicação lançada, O Livro Amarelo,[4] mas de mais dois projetos que eles se envolveram no país. O primeiro, realizado no Arquipélago de São Pedro e São Paulo, localizado no Oceano Atlântico, mostra da importância estratégica da Arqueologia Subaquática. O segundo, um projeto realizado no Rio Trombetas, no estado do Pará, tira a impressão do espectador de que Arqueologia Subaquática só estuda naufrágios, já este é um sítio pré-histórico no qual gravuras rupestres ficam submergidas.
O documentário faz um panorama geral muito bom sobre a prática da Arqueologia Subaquática no mundo e, especialmente, no Brasil. Os especialistas tratam do tema de forma bastante didática e os cortes de filmagem, com telas no qual são apresentados termos de uso comum na Arqueologia - como cultura material - trazem à tona não apenas um reforço aos argumentos dos arqueólogos (que sempre são muito enfáticos e claros), mas também auxiliam o espectador a mergulhar de forma mais profunda neste universo. Além disso, o documentário traz algumas cenas de escavações realizadas pelos entrevistados, algo que pode exercer grande fascínio no público, tanto por eliminar o mito do oceano silencioso, já que a câmera captou os sons dos mergulhadores e do movimento da água, quanto por mostrar ao
De uma forma geral é um documentário muito bom que pode ser utilizado em sala de aula para mostrar alguns debates recorrentes na disciplina arqueológica. Afinal, a linguagem utilizada pelos especialistas é bem simples e as ideias são apresentadas de forma bastante didática, sendo um filme muito interessante para o mais amplo público. Além disso, nem sempre revistas de grande tiragem nem documentários de famosas redes televisivas acabam mostrando os debates inerentes à ciência, de modo que ela acaba aparecendo como algo estático e em busca constante por verdades absolutas, algo muito distante deste documentário.
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