terça-feira, 25 de março de 2014

A Civilização Egípcia
Uma das civilizações mais importantes da história Antiga.



Desenvolveu-se na região do Crescente Fértil, mais exatamente no nordeste da África, uma região caracterizada pela existência de desertos e pela vasta planície do rio Nilo. A parte fértil do Egito é praticamente um oásis muito alongado, proveniente das aluviões depositadas pelo rio. Nas montanhas centrais africanas, onde o Nilo nasce, caem abundantes chuvas nos meses de junho a setembro provocando inundações freqüentes nas áreas mais baixas ( O “Baixo Nilo”). Com a baixa do Nilo o solo libera o humo, fertilizante natural que possibilita o incremento da agricultura. Para controlar as enchentes e aproveitar as áreas fertilizadas, os egípcios tiveram de realizar grandes obras de drenagem e de irrigação, com a construção de açudes e de canais , o que permitiu a obtenção de várias colheitas anuais.

Dada esta característica natural, o historiador grego Heródoto de halicarnasso dizia que “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Leitura preconceituosa, que tende a desprezar o empenho, o denodo e a competência técnica da civilização egípcia que aprendeu a utilizar as cheias e vazantes do rio a seu favor.

O Egito, inicialmente, estava dividido num grande número de pequenas comunidades independentes: os nomos que por sua vez eram liderados pelos nomarcas. Essas comunidades uniram-se e formaram dois reinos: o Alto e o Baixo Egito. Por volta de 3200 a.C., o rei do Alto Egito, Menés, unificou os dois reinos. Com ele nasceu o Estado egípcio unificado, que se fortaleceu durante seu governo com a construção de grandes obras hidráulicas, em atendimento aos interesses agrícolas da população. Menés tornou-se o primeiro faraó e criou a primeira dinastia.

Os egípcios adoravam o faraó como a um Deus, a quem pertenciam todas as terras do país e para quem todos deveriam pagar tributos e prestar serviços, característica típica do Modo de Produção Asiático. O governo do faraó era uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de origem divina. Como chefe político de um Estado poderoso, o faraó tinha imenso poder sobre tudo e sobre todos. Na prática era obrigado a obedecer às leis, muitas das quais haviam sido criadas séculos antes da unificação dos nomos, o que limitava em parte os seus poderes.

ANTIGO IMPÉRIO (3200 a.C. a 2300 a. C.)

Um Estado pacifista e dedicado à construção de Obras de drenagem e irrigação, que impulsionaram o desenvolvimento da agricultura. Foram construídas as célebres pirâmides de Gizé: Quéops, Quéfren e Miquerinos. A autoridade do faraó é enfraquecida pela ação dos nomarcas, apoiada pela nobreza.

MÉDIO IMPÉRIO (2100 a.C. a 1750 a. C. )

Os faraós reconquistaram o poder. Príncipes do Alto Egito restauraram a unidade política do Império e estabeleceram em Tebas a nova Capital. A massa camponesa, através de revoltas sociais, conseguiu o atendimento de algumas reivindicações, como por exemplo a concessão de terras, a diminuição dos impostos e o direito de ocupar cargos administrativos até então reservados às camadas privilegiadas. O Médio Império chega ao fim com a invasão dos hicsos, um povo de origem asiática. Os hebreus retirando-se da Palestina, chegaram ao Egito; mas foram os hicsos que criaram maiores dificuldades. Com cavalos e carros de combate que os egípcios desconheciam, dominaram o país e instalaram-se no delta do Nilo permanecendo na região aproximadamente dois séculos.

NOVO IMPÉRIO (1580 a.C. a 525 a. C. )

O período iniciou-se com a expulsão dos hicsos e foi marcado por numerosas conquistas. Outra característica fundamental deste período foi o expansionismo e o poderio militar, pois a luta contra o invasor desenvolvera no egípcio um espírito militar conquistador. No governo de Tutmés III, o domínio egípcio chegou a se estender até o rio Eufrates, na Mesopotâmia. No século XIV a. C., Amenófis IV, casado com a rainha Nefertite, empreendeu uma revolução religiosa e política, substituindo os deuses tradicionais por Aton, simbolizado pelo disco solar. Esta medida visava diminuir o poder dos sacerdotes que acabaram por fim expulsos. Amenófis IV passou a se chamar Aquenaton que significa supremo sacerdote do novo deus. Seu sucessor Tutancâmon, restaurou o culto aos deuses tradicionais e pôs fim à revolução.

O governo do faraó Ramsés II (1320 - 1232 a. C.) enfrentou novo obstáculo, como a invasão dos hititas. Inimigos ameaçavam as fronteiras; a resistência era enfraquecida pela rivalidade entre o faraó e grandes senhores enriquecidos pela guerra. Por volta do século VII a. C. os assírios invadiram o país. Em 525 a. C., o rei persa Cambises derrotou o faraó Psamético III, colocando fim à independência egípcia. Os povos do Nilo seriam ainda dominados pelos gregos e, a partir de 30 a. C., pelos romanos.

Organização

Faraó - soberano todo poderoso, considerado deus vivo, filho de deuses e intermediário entre estes e os homens. Era objeto de culto e sua pessoa era sagrada. O faraó tinha autoridade absoluta: concentrava em si os poderes político e espiritual. Ele ocupava o topo da hierarquia social, filho de Amon-Rá, o deus-sol, e encarnação de Hórus, o deus-falcão. Por isso, esse governo é chamado de teocrático.

Nobres - proprietários de grandes domínios, ocupavam também os principais postos do exército. Esta camada era formada por familiares do faraó, altos funcionários do palácio, oficiais superiores do exército e chefes administrativos.

Sacerdotes - muito cultos, enriqueciam com oferendas feitas pelo povo aos deuses. Eram dispensados do pagamento de impostos e eram proprietários de muitas terras. A função sacerdotal era lucrativa e honrosa, passando de pai para filho. Os sacerdotes tinham a cabeça raspada e uma de suas funções era transmitir as respostas das divindades às perguntas dos fieis.

Escribas - se encarregavam da cobrança dos impostos, da organização escrita das leis e de decretos e da fiscalização da atividade econômica em geral.

Soldados - viviam dos produtos dados em pagamento pelos serviços e dos saques realizados durante as guerras. Nunca atingiam os postos de comando, pois eram reservados à nobreza.

Artesãos - trabalhadores que exerciam diferentes ofícios e que eram geralmente contratados por empreiteiros de grandes obras. Trabalhavam como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives etc. Eles exerciam suas atividades nas grandes obras públicas recebendo em troca apenas alimento.

Camponeses - compunham a maior parte da população, viviam submetidos a uma violenta repressão por parte da camada dominante, que a ameaçava constantemente com exércitos profissionais para forçá-la a pagar impostos. Trabalhavam nas propriedade do faraó e dos sacerdotes e tinham o direito de conservar para si uma parte dos bens por eles produzidos.

Escravos - originários da escravidão por dívidas e da dominação de outros povos através das conquistas militares. Faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas.

Na sociedade egípcia desenvolveu-se o chamado modo de produção asiático, em que todas as terras pertenciam ao Estado e os camponeses das aldeias tinham o direito de cultivar o solo desde que pagassem um imposto coletivo. Esse imposto era pago com cereais, que eram estocados nos armazéns reais. Nessa sociedade, a base da economia era a agricultura. Cultivavam-se principalmente trigo, cevada, frutas, legumes, linho e algodão. Dentre outras atividades destacamos o comércio a indústria artesanal de tecidos e de vidro, a construção de navios, a cerâmica e a criação de bois, carneiros, cabras, asnos etc. O Estado intervinha na economia controlando a produção, recrutando mão-de-obra e cobrando impostos.

Religiosidade

Quanto a religiosidade, os egípcios eram politeístas, isto é, adoravam vários deuses, inclusive alguns animais, como o gato, o boi e o crocodilo, que eles consideravam sagrados. Além de ser politeísta, era também antropozoomórfica, pois os deuses eram representados geralmente pela figura humana e animal. A religião dos antigos egípcios passou por várias etapas: de um simples politeísmo para a mais recuada expressão conhecida de monoteísmo, retornando depois ao politeísmo. Durante o período do Antigo Reino, o culto do sol, corporificado na adoração de Rá foi o sistema dominante de crença. Servia como religião oficial cuja função principal era dar imortalidade ao Estado e ao povo, coletivamente. Para os egípcios, a morte apenas separava o corpo da alma. A vida poderia durar eternamente, desde que a alma encontrasse no túmulo o corpo destinado a servir-lhe de moradia. Era preciso então, conservar o corpo, e para isso os egípcios se aperfeiçoaram na técnica da mumificação.

O estudo da civilização egípcia, da antiguidade aos nossos dias

As origens da antiga civilização egípcia não podem ser definidas com precisão. A descrição do desenvolvimento da civilização egípcia se baseia nas descobertas arqueológicas de ruínas, tumbas e monumentos.

Os hieróglifos proporcionaram importantes dados.

A história egípcia, até a conquista de Alexandre III, o Magno, se divide nos impérios antigo, médio e novo, com períodos intermediários, seguidos pelos períodos tardio e dos Ptolomeus.

As fontes arqueológicas mostram o nascimento, por volta do final do período pré-dinástico (3200 a.C.), de uma força política dominante que, reunindo os antigos reinos do sul (vale) e do norte (delta), se tornou o primeiro reino unificado do antigo Egito. Durante a I e II Dinastias (3100-2755 a.C.), algumas das grandes mastabas (estruturas funerárias que antecederam às pirâmides) foram construídas em Sakkarah e Abidos.

O Império Antigo (2755-2255 a.C.) compreende da III à VI Dinastias. A capital era no norte, em Menfis, e os monarcas mantiveram um poder absoluto sobre um governo solidamente centralizado. A religião desempenhou um papel importante, como fica evidenciado pela riqueza e número dos templos; de fato, o governo tinha evoluído para um sistema teocrático, no qual o faraó era considerado um deus na terra, razão pela qual gozava de poder absoluto.

A IV Dinastia começou com o faraó Snefru que, entre outras obras significativas, construiu as primeiras pirâmides em Dahshur. Snefru realizou campanhas na Núbia, Líbia e o Sinai. Foi sucedido por Queóps, que erigiu a Grande Pirâmide em Gizé. Redjedef, filho de Queóps (reinou em 2613-2603 a.C.), introduziu uma divindade associada ao elemento solar (Rá) no título real e no panteão religioso. Quéfren e Miquerinos, outros membros da dinastia, construíram seus complexos funerários em Gizé.

Com a IV Dinastia, a civilização egípcia conheceu o auge do seu desenvolvimento, que se manteve durante as V e VI Dinastias. O esplendor manifestado nas pirâmides se estendeu para numerosos âmbitos do conhecimento, como arquitetura, escultura, pintura, navegação, artes menores, astronomia (os astrônomos de Menfis estabeleceram um calendário de 365 dias) e medicina.

A VII Dinastia marcou o começo do Primeiro Período Intermediário. Como conseqüência das dissensões internas, as notícias sobre a VII e VIII Dinastias são bastante obscuras. Parece claro, no entanto, que ambas governaram a partir de Menfis e duraram apenas 25 anos. Nesta época, os poderosos governadores provinciais tinham o controle completo de seus distritos e as facções no sul e no norte disputaram o poder. Os governadores de Tebas conseguiram estabelecer a XI Dinastia, que controlava a área de Abidos até Elefantina, perto de Siene (hoje Assuã).

O Império Médio (2134-1784 a.C.) começa com a reunificação do território realizada por Mentuhotep II (reinou em 2061-2010 a.C.). Os primeiros soberanos da Dinastia tentaram estender seu controle de Tebas para o norte e o sul, iniciando um processo de reunificação que Mentuhotep completou depois de 2047 a.C., limitando o poder das províncias. Tebas foi a sua capital.

Com Amenemés I, o primeiro faraó da XII Dinastia, a capital foi transferida para as proximidades de menfis. O deus tebano Amon adquiriu nessa época mais importância que as outras divindades, e foi associado ao disco solar (Amon-Rá).

Os hicsos invadiram o Egito a partir da Ásia ocidental, instalando-se no norte. Sua presença possibilitou uma entrada massiva de povos da costa fenícia e palestina, e o estabelecimento da dinastia hicsa, que deu início ao Segundo Período Intermediário. Os hicsos da XV Dinastia reinaram a partir da sua capital, situada na parte leste do delta, o que lhes permitia manter o controle sobre as zonas média e alta do país. O soberano tebano Ahmosis I derrotou os hicsos, reunificando o Egito e criando o Império Novo (1570-1070 a.C.).

Amenhotep I (1551-1524 a.C.) estendeu os limites até a Núbia e a Palestina. Com uma grande construção em Karnak, separou sua tumba do seu templo funerário e iniciou o costume de ocultar sua última morada. Tutmés I continuou a ampliação do Império Novo e reforçou a preeminência do deus Amon; sua tumba foi a primeira a ser construída no vale dos Reis. Tutmósis III reconquistou a Síria e a Palestina, que tinham se separado anteriormente, e continuou a expansão territorial do Império.

Amenófis IV foi um reformador religioso que combateu o poder dos sacerdotes de Amon. Trocou Tebas por uma nova capital, Aketaton (a moderna Tell el-Amarna), que foi construída em honra de Aton, sobre o qual se centrou a nova religião monoteísta. No entanto, a revolução religiosa foi abandonada no final do seu reinado. Seu sucessor Tutankhamen é conhecido hoje, sobretudo, pela suntuosidade do seu túmulo, encontrado praticamente intacto no vale dos Reis, em 1922.

O fundador da XIX Dinastia foi Ramsés I (reinou em 1293-1291 a.C.), que foi sucedido por seu filho Seti I (reinou em 1291-1279 a.C.); esse organizou campanhas militares contra a Síria, Palestina, os líbios e os hititas. Foi sucedido por Ramsés II, que fez a maior parte das edificações em Luxor e Karnak, ao construir o Ramesseum (seu templo funerário) em Tebas, os templos esculpidos na rocha em Abu Simbel e os santuários em Abidos e menfis. Seu filho Meneptá (1212-1202 a.C.) derrotou os invasores provenientes do mar Egeu, feitos narrados em um texto esculpido na esteira na qual figura a primeira menção escrita conhecida do povo de Israel.

O Terceiro Período Intermediário compreende da XXI à XXIV Dinastias. Os faraós que governaram a partir de Tânis, no norte, entraram em choque com os sumos sacerdotes de Tebas. Os chefes líbios deram origem à XXI Dinastia. Quando os governadores líbios entraram em um período de decadência, vários rivais se armaram para conquistar o poder. De fato, as XXIII e XXIV Dinastias reinaram ao mesmo tempo que a XXII, bem como a XXV (cusita), que controlou de forma efetiva a maior parte do Egito quando ainda governavam as XXIII e XXIV Dinastias, no final do seu mandato.

Os faraós incluídos da XXV à XXXI Dinastias governaram a Baixa Época. Os cusitas governaram de 767 a.C. até serem derrotados pelos assírios, em 671 a.C. Quando o último faraó egípcio foi derrotado por Cambises II, em 525 a.C., o país caiu sob domínio persa (durante a XXVII Dinastia).

A ocupação do Egito pelas tropas de Alexandre Magno, em 332 a.C., pôs um fim ao domínio persa. Alexandre designou o general macedônio Ptolomeu, conhecido mais tarde como Ptolomeu I Sóter, para governar o país. A maior parte do período que seguiu à morte de Alexandre Magno, em 323 a.C., foi caracterizada pelos conflitos com outros generais, que tinham se apoderado das distintas partes do império. Em 305 a.C., assumiu o título real e fundou a dinastia ptolemaica. Cleópatra VII foi a última soberana dessa Dinastia. Tentando manter-se no poder, aliou-se a Caio Júlio César e, mais tarde, a Marco Antônio. Depois da morte de Cleópatra, em 30 a.C., o Egito foi controlado pelo Império Romano durante sete séculos. Nessa época, a língua copta começou a ser usada independentemente da egípcia.

Com a finalidade de controlar a população e limitar o poder dos sacerdotes, os imperadores romanos protegeram a religião tradicional. Os cultos egípcios a Ísis e Serápis se estenderam por todo o mundo greco-romano. O Egito foi também um centro importante do cristianismo primitivo. A Igreja Copta, que aderiu ao monofisismo, se separou da corrente principal do cristianismo no século V.

Durante o século VII, o poder do Império Bizantino foi desafiado pela dinastia dos Sassânidas da Pérsia, que invadiram o Egito em 616. Em 642, o país caiu sob o domínio dos árabes, que introduziram o islamismo.

Nos séculos que se seguiram, teve início um lento processo de islamização que com o tempo produziu a mudança de um país cristão de fala copta para um outro, muçulmano de fala árabe. A língua copta se converteu em uma língua litúrgica.

Durante o califado abássida, surgiram freqüentes insurreições por todo o país provocadas pelas diferenças entre os sunitas, maioria ortodoxa, e a minoria que aderiu aos xiitas. Em 868, Ahmad ibn Tulun transformou o Egito em um estado autônomo, vinculada aos abássidas apenas pelo pagamento de um pequeno tributo. A dinastia de Tulun (os tulúnidas) governou durante 37 anos um império que englobava o Egito, a Palestina e a Síria.

Depois do último governo dos tulúnidas, o país entrou em um estado de anarquia. Suas frágeis condições o tornaram presa fácil para os fatímidas, que em 969 invadiram e conquistaram o Egito e fundaram o Cairo, convertendo-a na capital do seu império. Os fatímidas foram derrotados pelos ayyubis, cujo líder Saladino (Salah ad Din Yusuf ibn Ayubb) se proclamou sultão do Egito e estendeu seus territórios até Síria e Palestina, tomando dos cruzados a cidade de Jerusalém (ver Cruzadas). A debilidade de seus sucessores levou a uma progressiva tomada do poder pelos mamelucos, soldados de diversas origens étnicas que os serviam e terminaram por proclamar-se sultões com Izza al Din Aybak, em 1250.

No final do século XIII e começo do século XIV, o território dos mamelucos se estendia para o norte até os limites da Ásia Menor. A segunda dinastia de sultões mamelucos, os buris, era de origem circassiana; governaram de 1382 a 1517, quando o sultão Selim I invadiu o Egito e o integrou ao Império otomano.

Embora o domínio real dos turcos otomanos sobre o Egito tenha durado apenas até o final do século XVII, o país pertenceu nominalmente ao Império otomano até 1915. Em vez de acabar com os mamelucos, os otomanos utilizaram-nos em sua administração. Na metade do século XVII, os emires mamelucos (ou beis) restabeleceram sua supremacia. Os otomanos aceitaram a situação, com a condição de que pagassem um tributo.

A ocupação francesa do Egito em 1798, levada a cabo por Napoleão I Bonaparte, interrompeu por um curto intervalo de tempo a hegemonia mameluca. Em 1801, uma força britânico-otomana expulsou os franceses. Mehemet Ali assumiu o poder e, em 1805, o sultão otomano o reconheceu como governador do Egito. Mehemet Ali destruiu todos os seus oponentes até se tornar a única autoridade no país. Para poder controlar todas as rotas comerciais, realizou uma série de guerras expansionistas.

Os britânicos ocuparam o Egito de 1882 a 1954. O interesse da Grã-Bretanha se centrava no canal de Suez, que facilitaria a rota britânica até a Índia. Na I Guerra Mundial, a Grã-Bretanha estabeleceu um protetorado. Em 1918, surgiu um movimento nacionalista para garantir a independência. Eclodiu uma revolta violenta no país, razão pela qual a Grã-Bretanha suprimiu o protetorado em 1922 e foi proclamada uma monarquia independente, governada pelo rei Fuad I.

Em 1948, o Egito e outros Estados árabes entraram em guerra com o recém-criado Estado de Israel. Com a derrota, o Exército se voltou contra o rei Faruk I. Em 1952, um golpe de estado depôs o rei e proclamou a República do Egito.

O primeiro presidente, o general Muhammad Naguib, foi uma figura nominal, pois o poder foi exercido por Gamal Abdel Nasser, presidente do Conselho do Comando da Revolução. Em 1956, foi eleito oficialmente presidente da República. No começo, Nasser seguiu uma política de solidariedade com outras nações africanas e asiáticas do Terceiro Mundo e se converteu no grande defensor da unidade árabe. A negativa dos países ocidentais de proporcionar-lhe armas (que provavelmente utilizaria contra Israel) provocou uma reviravolta na política externa de Nasser, que o aproximou dos bloco dos países do Leste.

No que diz respeito à política interna, Nasser suprimiu a oposição política, estabeleceu um regime de partido único e socializou a economia. Essa nova ordem foi chamada de socialismo árabe. Em 1967, continuou a luta contra Israel, que desembocou na guerra dos Seis Dias, ao final da qual Israel assumiu o controle de toda a península do Sinai. O canal de Suez permaneceu fechado durante a guerra e posteriormente foi bloqueado. Nasser recorreu à União Soviética.

Nasser morreu em 1971 e foi sucedido pelo seu vice-presidente, Anwar al-Sadat. Sadat promoveu uma abertura política e econômica, além de procurar uma saída para o problema israelense mediante a negociação; como não conseguiu, planejou outro ataque contra Israel, dando início à guerra do Yom Kippur. Em 1974 e 1975, Egito e Israel concluíram uma série de acordos que resultou na retirada das tropas do Sinai. Em 1975, o Egito reabriu o canal de Suez e Israel se retirou de certos pontos estratégicos e de alguns dos campos petroleiros do Sinai.

A questão econômica começou a ganhar cada mais importância; em 1977, Sadat pediu para que os assessores militares soviéticos abandonasse o país e se aproximou dos Estados Unidos. Em uma conferência tripartite com o presidente norte-americano Jimmy Carter, realizada em 1978, Sadat e o primeiro-ministro israelense Menahem Begin assinaram um acordo para a solução do conflito egípcio-israelense. Grupos fundamentalistas islâmicos protestaram contra o tratado de paz, e Sadat foi assassinado em 1981.

Hosni Mubarak sucedeu Sadat. Abriu politicamente o país e melhorou as relações com outros Estados árabes. Participou da coalizão que lutou contra o Iraque na guerra do Golfo Pérsico, em 1991. Em 1992, os fundamentalistas islâmicos começaram a lançar violentos ataques com o objetivo de substituir o governo de Mubarak por outro baseado no estrito cumprimento da lei islâmica. Em outubro de 1993, Mubarak foi reeleito para um terceiro mandato presidencial, embora continuasse a violência por parte dos militantes islâmicos.

Aton, o primeiro deus único do Egito
Há mais de três mil anos, todas as divindades egípcias foram substituídas por um deus único, Aton, o disco solar irradiante, símbolo da vida, do amor, da verdade, arruinando o clero todo-poderoso de Tebas


As representações mostram Nefertiti e Akhenaton de forma
excêntrica, em sintonia com o espírito inovador do casal.

Na história do Egito antigo, não há casal mais sedutor do que o rei Akenaton e sua esposa Nefertiti, no século XIV AC. Por mais excêntricas que fossem suas representações, a sedução não se limita aos seus aspectos físicos.

Ambos tornaram-se personagens simbólicos da civilização egípcia por terem sido a origem do único cisma profundo conhecido pelo Egito no decorrer de seus três mil anos de história. Destituindo o todo poderoso clero de Amon para impor um deus único, representado pelo disco solar Aton, Akenaton abria pela primeira vez na história da humanidade um caminho rumo ao monoteísmo.

O reinado deste faraó, por muito tempo erroneamente qualificado como "herético", situa-se no fim da efervescente XVIII dinastia, por volta de 1358 AC. A civilização se encontra em plena apoteose. O Egito jamais teve tamanha opulência e refinamento. Após as grandes conquistas de Tutmósis III, o momento é de paz. Amenófis III, pai de Akenaton, soube estender pelo Oriente o poder e o brilho de Tebas, centro de um grande império internacional.

O deus Amon é venerado. O clero de Tebas está mais onipotente e mais onipresente do que nunca, constituindo um verdadeiro Estado dentro do Estado. Esta situação já havia preocupado diversos soberanos que, em vão, haviam tentado reduzir as ambições políticas dos chefes religiosos. Amenófis III tem consciência do perigo que este contra-poder representa para a realeza.

Desde a descoberta de seu palácio, construído na margem oeste do Nilo, longe de Karnak, o que não era habitual, alguns pesquisadores lançaram a hipótese de uma ruptura voluntária com o clero de Amon. De fato, o nome do palácio significa "A casa de BebMaât-Rá é o disco resplandecente", associando plenamente o soberano ao deus. Tiya, esposa de Amenófis III por trinta anos, já venerava o disco solar Aton mais do que Amon, o deus oficial.

Na educação dada a seu filho, o futuro Akenaton, ela pregava com força o culto deste deus cujo ideograma reflete a natureza: o olho de um deus celeste, cujo círculo evoca a íris e o ponto central a pupila. É ela quem, uma vez criada a cidade de Akenaton, preferiu permanecer em Tebas para manter o elo entre o clero de Aton e o de Amon, a fim de evitar a invasão popular.

Para o egiptólogo Alexandre Varille, "a revolução de Akenaton foi mais uma reação contra o poder temporal de Amon do que uma modificação profunda da religião. O famoso hino ao sol de Amarna exprime a mesma filosofia unitária de múltiplos textos do mais antigo Egito". Desde o início do período histórico, a religião já estava bastante instituída, refletida e ordenada pelos teólogos. Apresenta uma uniformidade encontrada durante três milênios.

Esta harmonia intelectual se traduz por uma reflexão teológica jamais interrompida, cuja inspiração jorrava sem cessar de suas próprias fontes. Por exemplo, os textos religiosos gravados nas pirâmides da V e VI dinastia são copiadas nas tumbas do Médio Império e na época da XXVI dinastia, sendo ainda utilizados. Este caráter ímpar pode surpreender tanto que se tem a impressão de lidar com um amálgama de divindades provenientes de todas as regiões do Egito.

Novas descobertas no templo perdido
Quando Amenófis III morre, em 1.351 a.C., seu templo real, com os colossos sentados, torna-se o santuário mais luxuoso na necrópole de Tebas, junto ao Nilo. Mas o que havia sido construído como grandiosa fortaleza para a eternidade, cai no esquecimento dos terremotos, roubo de pedras e cheias do Nilo.

Os Colossos de Memnon são, por enquanto, as únicas obras
visíveis à distância do templo real de Amenófis III. Mas, 100 m
a oeste, reergue-se um outro par desses gigantes de pedra.

Quando Amenófis III morre, em 1.351 a.C., seu templo real, com os colossos sentados, torna-se o santuário mais luxuoso na necrópole de Tebas, junto ao Nilo. Mas o que havia sido construído como grandiosa fortaleza para a eternidade, cai no esquecimento dos terremotos, roubo de pedras e cheias do Nilo.

Os Colossos de Memnon sobreviveram a terremotos, enchentes do Nilo, tempestades de areia, Sol ardente, noites geladas, vandalismo e pilhagens. Há mais de 33 séculos, as duas estátuas de pedra reinam na margem ocidental do Nilo, em Luxor: gigantes sentados de quartzito vermelho, com aproximadamente 18 metros de altura, os rostos rachados voltados para o leste, as mãos estendidas sobre os joelhos, as pernas bem juntas, a ponta do dedo mínimo do tamanho da cabeça de um homem adulto.


Sob a direção da egiptóloga teuto-armênia Hourig
Sourouzian, ressurge das ruínas o santuário de Amenófis III.

Outrora se erguia atrás deles o maior santuário já erigido por um faraó, em sua própria memória: o templo real de Amenófis III, onde o soberano, ainda em vida, era simbolicamente venerado como um deus. Os sacerdotes lhe apresentavam oferendas para a continuação de sua vida no além.

Por volta do ano de 1.385 a.C., Amenófis III deu início à construção dessa "fortaleza para a eternidade até o infinito", para si e para seu pai divino Amon, "de arenito, totalmente coberto de ouro, os pisos feitos de prata, ricamente decorada com estátuas", como foi gravado no memorial de pedra daquela época. Na frente, pilones - duas torres trapezoidais flanqueando uma porta monumental - e imensos mastros de bandeira. Flores rodeavam a margem de um lago repleto de peixes. "Com uma casa de trabalho cheia de escravos e escravas, o despojo de sua majestade" de países distantes. Com armazéns abarrotados de tesouros do Oriente Próximo.

Mas o templo de Amenófis III não se mostrou uma fortaleza para o infinito.
Hoje, pouco se aproveita desse monumento de poder e de fé. As duas estátuas do faraó estão solitárias sobre um prolongamento das montanhas ocidentais tebanas, de 700 m de comprimento e 150 m de largura. Essa parte arenosa da região se destaca como um retângulo cinza entre a fértil planície.


Com mais de 500 m de comprimento, o templo real
de Amenófis III destaca-se perante as "casas de
milhões de anos" que os faraós, em honra de
seus deuses e de si próprios, mandavam construir
no lado oeste do Nilo, em Tebas. A ilustração
(acima) indica como a construção deve ter sido.
A imagem aérea mostra o que se podia ver ainda,
no início de 2009. Ao lado dos Colossos de Memnon,
na borda esquerda da imagem, por exemplo, os
tocos de colunas do pátio de colunatas bem à direita.

Ao norte, ele é separado dos campos por um canal de irrigação. Ao leste, a poucos metros dos gigantes, há um estacionamento para ônibus de turistas. Ao sul, o terreno se estende até uma estrada, que conduz do Nilo para cima. Além do canal de irrigação, há camponeses lavrando a terra.

Também na faixa poeirenta, com poucas árvores, ao oeste dos colossos de Memnon, homens fazem trabalho pesado no calor abrasador. Não para tornar o solo cultivável, mas para tirar-lhe segredos. São arqueólogos que, em meio a cepos de colunas, estátuas quebradas e memoriais de pedra, montaram suas barracas, mesas e guarda-sóis. Há onze anos, durante a época de escavações, que dura aproximadamente dois meses - entre meados de janeiro e início de abril -, os pesquisadores cavam aqui cada vez mais fundo, em direção ao passado. Em quadrados planejados, de dez por dez metros, retiram a terra do solo até uma profundidade de 4 metros, enquanto um sistema de bombeamento dispendioso abaixa o nível da água subterrânea.

Atualmente, os arqueólogos estão montando um quebra-cabeça estilhaçado como nenhum outro no Egito, cujas dezenas de milhares de peças, algumas delas pesando 450 toneladas, não se encontram espalhadas apenas em Luxor, mas em inúmeros museus ao redor do mundo. Mais de 280 pessoas - dentre elas cientistas, desenhistas e restauradores de 12 nações e trabalhadores locais - trabalham na tentativa de reconstruir, o máximo possível, as ruínas do templo de Amenófis III. Motivo: tentar decifrar como os deuses e o faraó eram cultuados em uma época em que o Egito era tão influente e abastado como nunca antes em sua história.

Seis horas da manhã, em março. O Sol nascente faz os Colossos de Memnon projetarem longas sombras, mergulha as barracas brancas de trabalho dos arqueólogos em uma claridade suave. Dos campos de cana-de-açúcar próximos ergue-se um vapor. O ar está agradavelmente fresco, por volta de 15° C. Ainda não há pó na atmosfera. Ouve-se apenas o bufar dos queimadores a gás nos balões com cordas de cativo. Mas logo surgem outros barulhos: ao gorjear agudo de um bando de tentilhões mistura-se o tinir constante de elos de corrente girando nas roldanas de uma polia.

Miguel López Marcos está agachado em uma estrutura de madeira sobre uma cova larga, com 3,5 metros de profundidade. Há anos o restaurador espanhol é responsável pela equipe de cargas pesadas. Abaixo dele, nas correias da polia, está pendurada uma deusa em granito, que foi descoberta há pouco. É Sekhmet, com cabeça de leão, considerada entre os faraós a vingadora do deus Sol e protetora do rei.


Especialistas egípcios recompõem uma das 40 figuras
colossais de Amenófis III que, naquela época, estavam
posicionadas entre as colunas do pátio de colunatas (1).
Protegidos por guarda-sóis, restauradores limpam esfinges
descobertas no início de 2008, no lado leste do terreno (2).

Vagarosamente, trabalhadores egípcios puxam a estátua de 1,80 m para cima. Eles murmuram, uns para os outros, comandos curtos: "Iftah aleik": "Puxe para seu lado". "Ahsan qeda": "Assim é melhor." Somente meia hora mais tarde, quando a estátua se encontra livre e debaixo do tripé da polia, o tom aumenta. "Irfa! Irfa! Hat el-arabijja!": "Para cima! Para cima! Vá buscar a carroça!"

Cuidadosamente, a deusa é colocada na carroça. Doze homens se alinham diante dela, puxando as cordas. López Marcos e outros quatro empurram por trás o achado cheio de lama. Um arranque põe a carroça em movimento.
Com toda cautela, os homens transportam para o pátio da oficina de restauração - a aproximadamente 50 m de distância - a estátua da deusa, em forma humana e com o disco solar sobre a cabeça de leão: a única construção de alvenaria em torno da escavação. Ainda nessa manhã, uma especialista em conservação de granito negro livrará a deusa-leão dos restos de lama e cal.

Até agora, os arqueólogos acharam mais de 80 esculturas e grandes fragmentos de esculturas de Sekhmet nesta escavação, todas diferentes umas das outras. A maioria se mostra sentada, outras, em pé. Diferenças sutis se revelam apenas sob um exame mais acurado, como, por exemplo, com que ornamentos os escultores cinzelaram a vestimenta da deusa na pedra.


Recomposição do colosso de Amenófis III
levou cinco. A cabeça é uma cópia.
A original foi embarcada para a Europa
por "catador" de estátuas, há 200 anos.

É possível que em outros tempos fossem encontrados, no santuário de Amenófis, em torno de 40 colossos do rei, com aproximadamente 8 metros de altura. Havia também mais de mil figuras de deuses, em forma de animais ou humana, entre elas um hipopótamo quase em tamanho natural, de alabastro branco, e uma esfinge-crocodilo, meio leão, meio réptil, também de alabastro: obras de arte como nunca antes foram encontradas em lugar algum.

No século 14 a.C., a nação junto ao Nilo vive a "idade do ouro". Desde os tempos de Tutmés III, o reino dos faraós é a potência de liderança na região oriental do Mar Mediterrâneo. Quando Amenófis III, bisneto do rei guerreiro, ascende ao trono em 1388 a.C., ele herda um império que vai desde o Norte da Síria até a quarta catarata do Nilo.

A cheia do Nilo é estável e traz ao reino colheitas fartas. Navios mercadores velejam aos portos da região oriental do Mar Mediterrâneo. Plaquetas de cerâmica vitrificada com o nome de Amenófis III, provavelmente pingentes de fornecimentos de presentes, se encontram em muitos lugares da região do Mar Egeu. Sabiamente, o faraó assegura as relações com os grandes reinos orientais e com os príncipes de cidades da Síria e da Palestina, por meio de acordos. Parte da correspondência a respeito está preservada em tábuas de argila, em escrita cuneiforme.

Em suas cartas, os grandes reis se dirigem a Amenófis III como "meu irmão". Já os vassalos lhe prestam respeito pelo tratamento "meu Sol, meu senhor". Constantemente, o conteúdo das cartas fala sobre os casamentos diplomáticos, por meio dos quais Amenófis III reforça laços de amizade, fortalecendo, ao mesmo tempo, a posição de supremacia do Egito.


Nomes de Amenófis III, escritos em molduras
ovais (cartuchos), decoram o cinto de uma estátua,
feita do quartzito rosa do Gebel el-Ahmar,
perto do Cairo (4- veja na ilustração ao lado).
A estátua ficava no lado norte do pátio de colunatas.

A cada matrimônio, presentes valiosos mudam de proprietário: metais nobres, cavalos, lápis-lazúlis, pomadas perfumadas. Para uma noiva da casa real da Babilônia, Amenófis III envia uma "dádiva matinal", um presente que o esposo dá à esposa na manhã seguinte ao casamento: meia tonelada de ouro. Assim, o pacto se paga para todos os participantes. Mas quando o rei da Babilônia pede a mão de uma princesa egípcia em casamento, a resposta é clara: "Desde tempos antiquíssimos, uma filha do rei do Egito nunca foi dada em casamento a qualquer um!"
No harém de Amenófis III, ao lado da filha do rei da corte babilônica, vivem também princesas de Arzawa, da Ásia Menor, e do reino de Mitani, no Eufrates superior. Mas para se tornar a "grande esposa real", o faraó escolhe Tiy, a filha de um funcionário público. Mais notável do que sua origem é o que ela se torna: nunca antes a mulher principal de um faraó possuiu tanta influência. Amenófis III lhe consagra um templo próprio. Em escaravelhos comemorativos, torna pública sua ascendência não real para além do vale do Nilo, e concede a seus pais a rara honra de um túmulo no Vale dos Reis.

Juntamente com Tiy, que em representações de seu esposo frequentemente aparece ao seu lado, Amenófis III se vê como protetor do Egito, responsável pela fertilidade da terra e a prosperidade de seus súditos. Finalmente, ele começa a se identificar com o deus Sol, se autodenominando "brilhante disco solar de todos os reinos".


Na Antiguidade, os ladrões de pedras demoliram o templo
de Amenófis III até o alicerce (no fundo, um bloco restante
da fachada do pátio de colunatas (1). Nas valas formadas,
os mesmos deixavam para trás o que não tinha utilidade,
como por exemplo, estátuas da deusa-leão Sekhmet (2).

O rei manda construir, cada vez mais, novos templos. Os já existentes são ampliados."O coração de sua majestade estava em paz ao se construir monumentos grandiosos", ele anuncia em um memorial de pedra.
Nenhum dos santuários simboliza mais essa busca pelo apoio dos deuses do que o templo real de Amenófis na margem oriental do Nilo, do outro lado de Tebas (a atual Luxor).
Inscrições em rochas, nas pedreiras perto do Cairo, comprovam que o faraó, já no seu primeiro ano de governo, manda extrair e bater pedra calcária fina. O material seria utilizado na construção de sua fortaleza para a eternidade.

A construção do templo termina após quase 30 anos de trabalho, em 1358 a.C. Nesse ano, Amenófis usa a residência real como cenário de sua primeira festa Sed, o misterioso ritual festejado tradicionalmente pelos faraós em seu 30º ano de governo e que tem apenas uma serventia: a renovação mágica da força real e a plenitude de poder pelos deuses.


Na oficina de restauração, especialistas procuram
lascas de pedra que se ajustem à cabeça de granito.

Durante a construção do templo, Amenófis permanece cada vez mais em Tebas, onde lhe é edificado um amplo palácio, perto do canteiro de obras de seu templo real. Na frente, os trabalhadores escavam um lago artificial, com um quilômetro de largura por dois de comprimento, ligado ao Nilo por meio de um canal.


A vida na Roma Antiga
Em "família"

Na sociedade romana as mulheres ocupavam uma posição de maior dignidade que na Grécia. A mulher, quando casada, era a verdadeira dona da casa, em vez de permanecer reclusa nos aposentos das mulheres. Ela tomava conta dos escravos e fazia as refeições com o marido, podia sair (usando a stola matronalis), e era tratada com profundo respeito, tendo acesso ao teatro e aos tribunais. O casamento — justum matrimonium —, sancionado pela lei e pela religião, era nos tempos mais antigos uma cerimônia solene, e resultava da transferência da mulher do controle (potestas) do pai para o de seu marido (manus). O casamento tomava a forma de coemptio, uma modalidade simbólica de compra com o consentimento da noiva. Ele também podia consumar-se mediante o usus, se a mulher vivesse com o marido durante um ano sem ausentar-se por mais de três noites.
Teve início no Século II a.C. um processo de emancipação das mulheres. Abandonaram-se gradualmente as formas mais antigas de casamento e adotou-se uma na qual a mulher permanecia sob a tutela de seu pai, e retinha na prática o direito à gestão de seus bens. Temos notícias de mulheres versadas em literatura. A freqüência do divórcio aumentou. Podemos ver mulheres inteligentes e ambiciosas como Clódia, e Semprônia (mulher de D. Júnio Bruto), que participou da Conspiração de Catilina. Aparentemente as mulheres atuavam às vezes nos tribunais: "Jurisperita" é o título de uma fabula togata escrita por Titínio, e Valério Máximo menciona uma certa Afrânia no Século I a.C. como sendo uma litigante habitual, que cansava os tribunais com seu clamor.

Na época imperial o casamento passou a ser impopular, e foram tomadas medidas para encorajá-lo mediante a imposição de penalidades aos não-casados.
Já em 131 a.C. Q. Cecílio Metelo Macedônico havia proferido como censor um discurso famoso, mais tarde relembrado com aprovação por Augusto, sobre a necessidade de aumentar-se a taxa de natalidade. Cecílio Metelo disse: "Se pudéssemos passar sem uma esposa, romanos, todos evitaríamos os inconvenientes, mas como a natureza dispôs que não podemos viver confortavelmente sem ela, devemos ter em vista nosso bem-estar permanente e não o prazer de um momento" (Suetônio, "Augusto", 89).
As "Sátiras" de Juvenal mostram-nos a desmoralização de parte da sociedade feminina. Por outro lado, há evidências na literatura (p. ex., Estácio, e Plínio em suas cartas) e em epitáfios, de que os casamentos felizes não eram raros.
O exemplo mais marcante é o elogio preservado numa inscrição, presumivelmente de um certo Lucrécio Vespílio que serviu sob o comando de Pompeu em 48 a.C. e foi cônsul na época de Augusto (em 19 a.C.), a propósito de sua esposa Túria. O elogio registra a coragem e a fidelidade de Túria em meio às aventuras românticas e perigosas com Lucrécio Vespílio, tanto durante o noivado como ao longo de quarenta anos de vida conjugal.

Aparência pessoal

As mulheres nobres desfrutavam de um certo prestígio e tinha de pagar especial atenção pela sua aparência. Sendo que o mais importante era o estilo de cabelo: muito bem elaborado, com diversos tipos de enfeites, e complementando com brincos e pulseiras de pedras preciosas, colares ou gargantilhas. Os vestidos eram sempre longos combinando com um manto bordado com cores variadas.

Maternidade

Nos textos de Soranus (por volta do século I), lemos que a prática do aborto era usada naquela época (sempre em casos de perigo para a criança ou a mãe) com o uso de abortivos. Em comparação com os métodos adotados nos dias de hoje as mulheres provocavam o aborto de diversas maneiras: apertando os seios exageradamente, tomando bebidas extremamente geladas, consumindo mel em grandes quantidades, ingerindo óleo de quinino, inserindo um feixe de palha na vagina para perfurar o útero, ou tomando certas misturas preparadas com o uso de vinhos.

O mundo dos antigos romanos era dividido em duas macro-categorias: homens livres e escravos, cidadãos Romanos e estrangeiros ("peregrini").
Os escravos viviam por toda parte, na maioria prisioneiros de guerra e em alguns casos cidadãos livres que eram vendidos para pagar dívidas. Os escravos eram os ideais para serem vendidos. Sem nenhum direito, desempenhavam trabalhos pesados bem como tarefas intelectuais, dependendo do nível de instrução de cada um. E raramente podiam ganhar a liberdade de seus senhores.
Todos os cidadãos livres tinham três nomes: o "praenomen" (nome de batismo), o "nomen" (nome de família) e o "cognomen" (último nome). Usualmente se vestiam com simplicidade; uma túnica que ia até os joelhos e uma espécie de sapatilha de cano alto. Em ocasiões especiais vestiam uma "toga", um manto bordado semicircular feito de lã. Os cidadãos comuns trajavam uma túnica branca enquanto os senadores, soldados e membros da cavalaria usavam túnicas com uma púrpura bordada. Esta última também era usada por homens com menos de 17 anos de idade.
O homem era o "pater familias", ou o cabeça da família. O conceito de família tinha grande significado para os romanos: consistia não somente de marido, esposa e filhos, mas também de avós, netos, e bisnetos. Desse modo a sucessão familiar mantinha o patrimônio protegido.

Nero
Nero Cláudio César Augusto Germânico, em latim Nero Claudius Cæsar Augustus Germanicus (Antium, 15 de dezembro de 37 d.C. — Roma, 9 de junho de 68), foi um imperador romano que governou de 13 de outubro de 54 até a sua morte, a 9 de junho de 68.




História

Nascido com o nome de Lúcio Domício Enobarbo, era descendente de uma das principais famílias romanas, pelo pai Cneu Domício Enobarbo e da família imperial Júlio-Claudiana através da mãe Agripina, a Jovem, filha de Germânico e neta de César Augusto. Ascendeu ao trono após a morte do seu tio Cláudio, que o nomeara o seu sucessor.

Com a morte do imperador Cláudio, no ano 54, não foi seu filho Britânico que subiu ao trono de Roma. O sucessor foi seu enteado, filho de sua mulher, Agripina, e marido de sua filha Otávia. Ele se tornou o novo soberano de Roma aos 17 anos, com o nome de Tibério Nero Claudio Domiciano César - em geral abreviado para Cláudio César ou, apenas, Nero, como passaria à história. Agripina e o filósofo Sêneca, seu mestre, tramaram juntos para que Nero tivesse o poder, convencendo Cláudio a adotá-lo, um pouco antes de morrer.

Nero tornou-se imperador numa época de grande esplendor do Império Romano. Nos cinco primeiros anos de seu governo, Nero mostrou-se um bom administrador.

Durante o seu governo, focou-se maiormente na diplomacia e o comércio, e tentou aumentar o capital cultural do Império. Ordenou a construção de diversos teatros e promoveu os jogos e provas atléticas. Diplomática e militarmente o seu reinado caracterizou-se pelo sucesso contra o Império Parto, a repressão da revolta dos britânicos (60–61) e uma melhora das relações com Grécia.

No tocante às guerras de expansão, Nero demonstrou pouco interesse. De acordo com os historiadores da antiguidade, empreendeu apenas algumas incursões militares na região da atual Armênia.

Suas decisões políticas, militares e econômicas eram fortemente influenciadas por algumas figuras próximas. Entre elas, podemos citar sua mãe, Agripina, e seu tutor, Lucio Sêneca.

Nero entrou em conflito com a mãe, que pretendia dominar Roma por meio do filho. E Agripina passou a preferir Britânico no trono. Mas, para eliminar a concorrência, Sêneca providenciou que Britânico fosse morto. Sêneca e o prefeito de Roma, Sexto Afrânio Burro, foram conselheiros de Nero e os primeiros cinco anos de seu governo foram considerados um dos períodos mais felizes do Império. Os conselheiros deixavam Nero satisfazer todas as suas paixões, desde que se deixasse guiar por eles no governo.

Agripina, ressentida por ser posta de lado, procurava recuperar sua autoridade junto ao filho enviando-lhe belas mulheres: primeiro, a ex-escrava Ate e depois a bela Popéia Sabina. Mas Agripina foi assassinada, em 59, a mando do prórpio Nero que, então, se viu livre: Agripina, aparentemente, era seu único freio moral. Seu governo tornou-se tirânico e ficaria conhecido como um dos mais vergonhosos de Roma.

Casou-se com Popéia, divorciando-se de Otávia, que logo foi assassinada. Nero fez do confisco de propriedades uma fonte renda. Com a morte de Sexto Afrânio, nomeou para seu posto um indivíduo sem escrúpulos, Ofrônio, o que levou Sêneca a renunciar ao cargo de conselheiro.

A paixão de Nero pela arte dramática e pelos espetáculos, unida a um desejo quase infantil de ser famoso e aplaudido, levou-o a atuar como poeta e músico e a participar de corridas de biga.

Incêndio de Roma




O que mais marcou a história de Nero foi o caso do incêndio que destruiu parte da cidade de Roma, no ano de 64. Porém, de acordo com alguns historiadores, não é certa a responsabilidade de Nero pelo incidente. O imperador estava em Anzio no momento do incidente e retornou à Roma ao saber do incêndio. Os que apontam Nero como culpado baseiam-se nos relatos de Tácito. Este afirma que havia rumores de que Nero ficou cantando e tocando lira enquanto a cidade queimava.

O fato é que Nero culpou e ordenou perseguição aos cristãos, acusados por ele de serem os responsáveis pelo incêndio. Muitos foram capturados e jogados no Coliseu para serem devorados pelas feras.

No ano seguinte, Nero matou Popéia, grávida, com um pontapé no ventre. Essa crueldade e o desperdício de dinheiro público deram vida à oposição, principalmente dos oficiais do exército, dos nobres e dos intelectuais, Sêneca entre eles. Por três vezes, essas conspirações foram reprimidas - e os envolvidos receberam a ordem de cometer suicídio.

No ano seguinte, Nero matou Popéia, grávida, com um pontapé no ventre. Essa crueldade e o desperdício de dinheiro público deram vida à oposição, principalmente dos oficiais do exército, dos nobres e dos intelectuais, Sêneca entre eles. Por três vezes, essas conspirações foram reprimidas - e os envolvidos receberam a ordem de cometer suicídio.

Ao voltar para Roma, encontrou uma situação insustentável, com rebeliões nas principais províncias do Império. Traído por Ofrônio, Nero perdeu o apoio dos guardas pretorianos, um corpo militar de elite formado para proteger o imperador e sua família.

Morte

Em 68, declarado inimigo público número um pelo Senado, ele fugiu para uma propriedade no campo, onde se matou com o auxílio do seu secretário Epafrodito, que o apunhalou quando um soldado romano se aproximava. Segundo Dião Cássio, as últimas palavras de Nero demonstraram o seu amor pelas artes.

Tinha 31 anos e com ele terminou a dinastia descendente de Júlio César, abrindo a primeira grave crise de sucessão no Império.

Nero foi enterrado pela dedicada Ate e continuou a ser querido pelos muito pobres e pelos gregos: por cerca de três vezes estes acreditaram que ele havia reaparecido no Oriente, alimentando a lenda de "Nero redivivo".

Nenhum comentário:

Postar um comentário